O Tribunal: as leis e a desigualdade

O Tribunal: a lei e a desigualdade

SÉRIE  | RUTE  |  Estudo 7

Texto básico: Rute 4.1-12

Textos de apoio: Deuteronômio 16.18-22
Deuteronômio 29.10-15
Mateus 18.23-35
Deuteronômio 25.7-10
Números 27.1-11
Números 36.1-13
1Reis 21.1-7

Introdução

O ambiente aqui é outro. Do campo e da colheita para a entrada da cidade e o tribunal onde tudo se resolvia. Ali se reúnem os anciãos para uma negociação. As mulheres bolaram o plano (3.1-4, 18), mas são os homens que tomam as decisões e negociam o acordo.

A lei do levirato previa que o irmão ou parente mais próximo do falecido era responsável por resgatar o campo e descendência. Boaz sabia que ele não era o parente mais próximo, por isso vai até a entrada da cidade para encontrar o resgatador que é simplesmente chamado de “fulano de tal” ou “certo alguém” (v. 1).

O objeto do negócio é a terra de Elimeleque (v. 3). A propriedade não devia sair da família. Quando o chefe de família morria, a terra ficava para os filhos, contudo, se não tivesse filho, iria para os irmãos ou parente mais próximo. A viúva não tinha direito à terra (Nm 27.8-11). Contudo, aparentemente, Noemi tinha algum direito sobre a terra e estava colocando à venda. De todo modo, a questão inicial diz respeito à propriedade.

Vemos aqui aplicado de maneira clara o costume daquela época de preservar a terra dentro da família e prover descendência ao que morreu sem deixar descendentes. Isso indica uma forma de equilibro e equidade na sociedade de modo que uma pessoa ou família não se apoderasse da propriedade de pessoas necessitadas ou em situação vulnerável.

Para entender o que a Bíblia fala

  1. Onde acontece esses fatos? (v. 1). O que isso significa?
  2. Liste as pessoas que estão envolvidas no encontro e acordo dos v. 1-12.
  3. Qual é a importância desse ato em comparação ao que aconteceu no cap. 3?
  4. Relacione os benefícios do acordo para as partes envolvidas. Há riscos ou prejuízos às partes?
  5. Observe como se firmava um acordo (v. 7, 8). O que podemos entender dessa forma de firmar um acordo? (Veja Dt 25.7-10)
  6. Qual seria o impacto dessas práticas e leis antigas para evitar a desigualdade? Contraste essa passagem com o direito do rei explicado por Samuel em 1Samuel 8.10-18.

Hora de avançar

Da eira, onde Rute se encontrou com Boaz, à porta da cidade. O que foi engendrado por Noemi e Rute precisa de aprovação dos anciãos. Na porta da cidade se encontravam comerciantes, moradores, camponeses todo tipo de gente que entrava e saia da cidade. Ali se resolviam diversos assuntos relacionados aos moradores, desde comerciais até morais e religiosos (Dt 17.1-7). Funcionava como verdadeiro tribunal e o que fosse resolvido ali era um acordo com testemunhas (Dt 25.7-10). Portanto, dá um caráter oficial e legal ao encontro de Rute com Boaz e ao plano de Noemi (3.18). O plano de Noemi que começou como forma de sedução e encontro amoroso é homologado pelos acertos comerciais no tribunal informal da entrada da cidade.

Até o v. 4 deste capítulo, a ênfase está sobre a solução para a propriedade de Noemi e o problema da descendência de Elimeleque fica, a princípio, fora da negociação. Isso ressalta o problema da posse da terra e da importância de se preservá-la dentro da família. Sabemos que propriedade de terra é um elemento divisor na população rural ou urbana. Hoje também não é diferente. Alguns têm demais, outros não têm.

Pra terminar

  1. Que lições podemos tirar dessa passagem para nossa realidade?
  2. Como você vê esses costumes e leis do AT sobre a propriedade e quais são alguns elementos práticos que podemos aplicar para o seu contexto de vida?
  3. Liste algumas formas de desigualdades na sua comunidade e formas de combatê-las.

>> Autor do Estudo: Willian Lane

>>  Publicado originalmente pela Rede Evangélica Nacional de Ação Social

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