A rebusca, o parente rico e a moça moabita [oportunidade 1]
SÉRIE | RUTE | Estudo 4
Texto básico: Rute 2.1-7
Textos de apoio:
Levítico 19.9-10; 23.15-25
Deuteronômio 24.17-22
Salmos 37.21-26
Salmos 112
Provérbios 14.31; 19.17; 28.8
2Coríntios 8.1-15
Ageu 1.1-11
Introdução
Este capítulo introduz uma nova personagem, um parente “de elevada posição”, “de muitos bens” ou “rico e influente” (2.1), alguém que pudesse ajudá-las. Ele tinha plantação e seus funcionários estavam trabalhando na colheita. Como os nomes das pessoas e lugares nessa história, o de Boaz também é significativo. Seu nome significa “nele está a força”. Provavelmente, esse “nele” é uma alusão a Deus.
Paralelamente, Rute pede à Noemi permissão para “respigar” em alguma lavoura cujo proprietário ou funcionários a recebessem. Embora pareça como mendicância, essa prática era não só aceita como garantida por direito ao estrangeiro, órfão e viúva. A lei dizia que durante a colheita o dono da lavoura não devia rebuscar as espigas que tinham ficado para trás, pelo contrário, devia deixar para aqueles que não tinham como plantar e colher (Lv 23.15-25; Dt 24.17-22). Era uma maneira de suprir alimento para os necessitados.
Sem saber, Rute passa a colher espigas na lavoura do parente “rico” de Elimeleque. Ela é acolhida pelos funcionários e também pelo proprietário Boaz. Apesar da desolação de Noemi ao chegar a Belém, há esperança devido não só às práticas, ou leis, do povo como a solidariedade dos proprietários. A situação começa a mudar a partir desses singelos gestos.
Para entender o que a Bíblia fala
1. O que Rute faz nesse episódio (v. 2, 7)? Como podemos caracterizar suas ações e atitudes?
2. Compare em algumas versões da Bíblia a expressão do v. 2 “daquele que me permitir” (NVI). O que isso sugere a respeito da atitude dos trabalhadores e proprietários das lavouras? (A expressão traduzida por “daquele que me permitir” lit. diz “aquele em cujos olhos eu encontrar favor”. Significa um olhar compassivo, ser misericordioso, ser favorável (Gn 32.6; 1Sm 1.18; 2Sm 15.25; Rt 2.10, 13)).
3. Como Boaz é descrito nessa passagem?
4. Observe o contraste entre a posição social e econômica de Boaz e o modo como ele trata as pessoas (v. 1, 4). O que se pode aprender disso?
5. Naquele tempo da cultura bíblica, entendia-se que as mulheres pertenciam a alguém. Elas pertenciam ao seu pai, ao seu marido ou eram escravas de algum senhor. Por isso, a pergunta de Boaz no v. 5.
Hora de avançar
Vemos nessa passagem Rute tomando iniciativa de sair de casa em busca de alimento. Talvez fosse uma situação não muito agradável. Como estrangeira, mulher viúva e sem filhos, corria o risco de discriminação e preconceito. Contudo essa história mostra o contrário. Mesmo nessa condição, ela é acolhida e bem-vinda entre os moradores de Belém.
Um aspecto importante dessa história é esse costume de deixar o estrangeiro, o pobre e a viúva colher as espigas que tinham ficado para trás pelos colhedores. Isso, naturalmente, é algo característico de uma comunidade agrária e rural. No contexto urbano moderno temos de pensar em outros modos de praticá-lo. Já ouvi falar de municípios cujos feirantes têm o costume de deixar os produtos que não resistirão até o próximo dia para os necessitados, e de centros de distribuição de alimentos e mercados que descartam alimentos ainda consumíveis para instituições sociais. Este pode ser um modo de aplicar o princípio da lei da rebusca no contexto contemporâneo.
Para terminar
1. Qual é a importância de se ter leis que garantam direitos aos necessitados como é o caso desse episódio? (Lv 23.15-25; Dt 24.17-22).
2. Você conhece leis de nosso país que garantem direitos às pessoas, às quais nem sempre são colocadas em efeito?
3. O que essa passagem nos ensina sobre nossa atitude para com pessoas desamparadas ou necessitadas (imigrantes, desempregados, crianças abandonadas, etc)?
4. Quais são algumas maneiras de aplicarmos a lei da rebusca no contexto urbano moderno?
>> Autor do Estudo: Willian Lane
>> Publicado originalmente pela Rede Evangélica Nacional de Ação Social