A única opção, a palavra de Deus
Texto Básico: Isaías 8.16 – 9.7
Texto Devocional: Salmo 119.105-112
Versículo-chave: Isaías 8.20
“À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva.”
Alvo da lição: Enfatizar a centralidade da palavra de Deus, e os perigos de se procurar orientação fora dela.
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Seg. Is 7.10-17
Ter. Is 8.1-18
Qua. Is 8.9-15
Qui. Is 8.16-22
Sex. Dt 18.9-14; Lv 19.31
Sáb. Is 9.1-7
Dom. Sl 119.405-112
Como vimos na lição anterior, a tarefa de Isaías não seria de maneira alguma fácil, mas, mesmo assim, ele começou a pregar e a escrever suas mensagens para todos lerem e entenderem (Is 8.1) e a registrá-las no cartório local (Is 8.2)! Nesta lição examinaremos algumas dessas primeiras mensagens, com sua ênfase na palavra do Senhor.
I. A família do Profeta (Is 8.1-4)
Isaías era casado e, quando sua esposa engravidou, foi o Senhor quem indicou os nomes que deveriam ser dados aos meninos. Esses nomes eram proféticos daquilo que seria a sorte do povo de Deus.
1. O primeiro filho chamava-se “Um-Resto-Volverá” (Is 7.3), ou seja, o nome era uma afirmação daquilo que vimos em Isaías 6.13, a promessa de um remanescente, mesmo em meio a muito sofrer.
2. O segundo filho recebeu um nome bem menos positivo – “Rápido-Despojo-Presa Segura”. Conforme a palavra do Senhor, o pequeno mal estaria dizendo “Papai” e “Mamãe” quando o rei da Assíria invadiria Damasco, capital da Síria, e Samaria, capital de Israel, e levaria os despojos (comparar com Is 7.16-17).
Isaías para hoje
Em Lucas 1.13, Deus, mais uma vez, assumiu a tarefa de dar o nome a uma criança. Você teria coragem de deixar Deus fazer isso, ou outra coisa semelhante? Ou acha que tais assuntos pessoais a gente mesmo resolve?
II. A palavra do Senhor ou a palavra dos fortes? (Is 8.5-8)
“As águas de Siloé” (Is 8.6) eram um simples riacho que corria em Jerusalém, um fiozinho de água super importante, embora facilmente desprezado. Nesse versículo é figura da ajuda e da presença de Deus – algo pessoal, próximo, e muitas vezes aparentemente sem valor em comparação com a ajuda prestada por poderosos. Em contraste marcante, estão as águas do grande rio Eufrates, forte e poderoso o tempo todo (Is 8.7).
Como somos tentados a confiar nas aparências de poder e grandeza, nos “Eufrates” da vida moderna! O salmista assim se expressou: “Uns confiam em carros, outros em cavalos” (Sl 20.7); e o natural é confiar naqueles que possuem todos os símbolos de poder. Natural, mas não correto: a nossa opção é nos gloriarmos “em o nome do Senhor, nosso Deus” (Sl 20.7). De fato, se não seguirmos essa opção, acabaremos sendo entregues aos inimigos do Senhor (Is 8.7).
Mesmo assim, o castigo não será total, chegando a água somente “até ao pescoço” (v.8; comparar com o salmo 124). O versículo 8 se refere a Judá, até esse momento isento de ataques da parte dos inimigos: Israel (o reino do norte) e a Síria já se foram, mas Judá, o reino do sul, não será poupado, a não ser que passe a confiar no Senhor.
No versículo 8, o nome Emanuel representa Judá: foi também o nome dado à criança em Isaías 7.14 (em primeiro plano, o filho de Acaz). Mas “as expectativas colocadas sobre o filho do rei que iria nascer foram grandes demais. Só em parte elas se cumpriram, e ao se cumprirem só em parte, mostraram que, na verdade, a espera seria mais longa, o evento em si bem mais grandioso, e as implicações bem maiores do que sequer se podia imaginar” (Mueller). Em Isaías 9.4-7, é revelado como o grande Rei messiânico, Deus Forte, que liberta Seu povo.
Isaías para hoje
Quem não preferir “as águas de Siloé” está fadado a provar as águas fortes e amargas do “Eufrates”. Examine suas próprias tempestades e prioridades – será que em algum momento você fez a escolha errada, e por isso passa por momentos de sufoco e angústias? “Escolher o mundo é ser esmagado pelo mundo” (Motyer).
III. A palavra do Senhor e aqueles que a rejeitam (Is 8.9-15)
O versículo 9 descreve os povos pagãos debochando de Judá, e se preparando para atacar o povo de Deus. Mas como no salmo 2 (comparar com Is 7.7), há somente um destino para quem fizer isso, a destruição sobrevirá a qualquer que se levantar contra aquele que tem “o Deus conosco” ao seu lado.
Isaías para hoje
Como somos tentados a confiar nas aparências de poder e grandeza, nos “Eufrates” da vida moderna!
Planejamento, ordens (Is 8.10) … nada adiantará. A repetição de “cingi-vos e sereis despedaçados” serve para frisar o resultado de tal ousadia.
Diante do furor dos povos, é a palavra do Senhor que faz diferença para Isaías, dando- -lhe paz e conforto (Is 8.11). “Não andar pelo caminho deste povo” (v.11) jamais quer dizer que o líder vai se isolar de pecadores: ensina, sim, que sua cabeça precisa ser outra. Caso contrário, interpretações erradas dos acontecimentos o arrastarão, também.
O versículo 12 mostra esse perigo. A tendência é avaliarmos coisas e eventos precisamente como os incrédulos, chamando de conspiração (conjuração) aquilo que eles dizem ser, temendo o que eles temem – como se em nada fôssemos diferentes. Foi uma época de conspirações políticas nas quais o povo de Deus procurava com desespero quem o ajudasse contra seus inimigos. E a nossa época é semelhante: há uma corrida atrás de soluções imediatas, e a sociedade contemporânea está cheia de medos dos mais variados. Aquele que confia no Senhor devia constituir uma exceção à regra (Is 8.13) – embora também tenha temor! Trata-se de um santo temor a Deus, um reconhecimento de tudo aquilo que Ele é.
A organização dos versículos 12-14 é bem simétrica, e indica que o Senhor é santuário somente para aqueles que O santificam:
Não temais o que ele teme
Não tomeis isso por temível (literalmente, espanto).
Ao Senhor dos Exércitos, a ele santificai.
Seja ele o vosso temor. Seja ele o vosso espanto.
Ele vos será santuário.
“Nossa atitude para com Deus determinará qual o aspecto Dele experimentado por nós” (Oswalt). Quem O busca, O conhece como santuário: quem não fizer isso, O tem como se fosse pedra de tropeço, e passa a viver atropelado pela vida, batendo-se contra rochas, enlaçando-se em armadilhas o tempo todo. Foi o que se falou acerca de Jesus (Lc 2.24), e o que Ele mesmo ensinou (Mt 21.33-44).
Isaías para hoje
Novamente é a mesma colocação, só que em vez de se falar em águas (v.5-8), fala-se em temor. Quem não temer ao Senhor está fadado a ter os valores e medos da sociedade pagã ao seu redor. Examine seus atropelos e seus machucados – será que você está fazendo a escolha errada em algum ponto, não tendo a Palavra no centro de sua vida? Leia Isaías 7.9.
IV. A palavra do Senhor escondida dos que a rejeitam (Is 8.16-18)
Diante da rejeição descrita nos versículos anteriores, “a palavra do profeta, não acreditada, deve ser guardada como testemunho para o tempo de sua completa confirmação” (Croatto). A palavra traduzida por “resguarda” significa “lacra”: uma carta lacrada jamais pode ser aberta por qualquer pessoa que não seja o destinatário. No contexto talvez possamos ligar o verbo aqui ao “cartório” do versículo 2, isto é, Isaías tomou precauções para que suas palavras não fossem violadas ou deturpadas por inimigos. Os que teriam acesso à palavra profética seriam um pequeno grupo, seus discípulos (Is 8.16), alguns israelitas fiéis, ou até mesmo uma pequena escola de profetas que vivia em torno de Isaías, seu mestre (comparar com 2Rs 2.3,5). É gostoso sentir como esse pequeno grupo, um verdadeiro “remanescente”, apreciava a palavra do Senhor, guardando-a no coração (Sl 110.11).
Mesmo assim, eram dias escuros para Isaías – afinal, quem quer ter sua mensagem rejeitada? – e a impressão dele era que o “Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó” (Is 8.17). Mas, visto que “a fé foi feita para os dias escuros” (Motyer), Isaías decidiu simplesmente esperar e aguardar a ação do Senhor, e o versículo 8 é seu testemunho pessoal a respeito, por meio de seus dois filhos. Pois aqueles nomes, dados por Deus, eram os únicos sinais que ele precisava ter: os eventos profetizados no nome do segundo menino (Is 8.3-4) nem aconteceram ainda, muito menos os do primeiro filho (Is 7.3), mas a presença das duas crianças em seu lar era uma recordação contínua da presença e ação de Deus, apesar de Ele ter Se escondido naquele momento.
Isaías para hoje
O que é que você faz quando o Senhor esconde o Seu rosto? Entrega-se ao desespero, ao pânico, à incredulidade? Ou olha de novo para aquilo que o Senhor já disse em Sua palavra, e se entrega a uma espera paciente, cheia de fé?
V. A palavra do Senhor e o espiritismo
Há uma opção diante do silêncio de Deus: é o espiritismo. Como o povo apelava para isso naqueles dias! Em Isaías 2.6, o profeta reclamara que os israelitas “se encheram da corrupção do Oriente e são agoureiros como os filisteus”. Convites para consultar necromantes e adivinhos, ou médiuns, “que chilreiam e murmuram” em seus transes espíritas eram constantes. Mas o ensino de Isaías é muito claro – o natural é um povo “consultar” (ou “perguntar”) a seu Deus. Como é que se pergunta a Deus? Simplesmente lendo Sua “lei e… testemunho” (Is 8.20) e comparando com o versículo16. A palavra de Deus é a única alternativa viável aos médius – a única saída em dias difíceis, em dias passados dentro do túnel escuro de um problema qualquer (v.20). Sem a “lâmpada para os… pés (que) é a tua palavra”(Sl 119.105), nunca veremos a alva (comparar com Pv 4.18).
Os versículos 21-22 elaboram este tema: procurar orientação no espiritismo é convidar a ira de Deus, é ir para o exílio, é passar “pela terra duramente oprimidos e famintos” (isto é, vazios) (Is 8.21), é só ver “angústia, escuridão e sombras de ansiedade” (Is 8.22). No versículo 22, a ideia de trevas aparece três vezes. É isso, e milhões de brasileiros que o digam!
Há um contraste forte nos versículos 17 e 21 entre o profeta que está esperando no Senhor, e os espíritas que, “enfurecendo-se, amaldiçoam ao seu rei e ao seu Deus”. E ainda é assim. Ou aguardamos ou amaldiçoamos. Uma coisa é certa, Deus, às vezes, Se esconde. Nós é que temos que decidir como reagiremos a isso.
Isaías para hoje
“Vinde…andemos na luz do Senhor!” (Is 2.5) ou “lançados para densas trevas” (Is 8.22)? Nossa aceitação ou não da palavra do Senhor é que fará a diferença. Sem ela tateamos (comparar com At 17.27) e, no final, é escuridão para sempre.
O que é que você faz quando o Senhor esconde o Seu rosto? Se entrega ao desespero, ao pânico, à incredulidade? Ou olha de novo para aquilo que o Senhor já disse em Sua palavra?
VI. A palavra do Senhor, a palavra final (Is 9.1-7)
Porém, Deus em Sua misericórdia quer Seu povo na luz (Is 9.3), crescendo em número e alegre (Is 9.3), regozijando-se no Seu livramento da mão do opressor (Is 9.4) e no esmagamento dele, com suas botas fortes e fardas bonitas queimadas (Is 9.5). Sabemos que Zebulom e Naftali (Is 9.1) eram as primeiras regiões da Palestina a cair diante dos opressores assírios. Essa esperança de mudança radical é tão certa que Isaías usa somente o tempo passado dos verbos para falar nessas coisas! Ainda, toda a atividade maravilhosa é atribuída a Deus, e a Ele somente!
Há outro “por que” no trecho, porém no versículo 6, e “vem agora a causa real de tudo isso” (Mueller), o “Menino”. Já tivemos o nascimento de diversos meninos no livro – os dois do profeta, o de Acaz, – e todos eram como que sinais, apontando para além de si, para a atuação específica de Deus na história humana. Os nomes dos outros meninos indicaram essa dimensão, e este Menino não é diferente. Ele dará conselhos sobrenaturais, divinos; será o próprio Deus Forte; cuidará dos fracos como se fosse Pai, e Pai eterno; em Suas batalhas como Príncipe, ele conseguirá a Paz. Há uma mistura de figuras militares com figuras tranquilas (Is 9.6). O versículo 7, porém, desdobra aspectos de seu governo que crescerá – mas jamais para esmagar, e sim para trazer paz, juízo e justiça. “Trata-se de um Império sem imperialismo, governo sem exploração” (Motyer). E a promessa final do versículo 7, o único verbo no futuro, garante que tal Menino chegará, a palavra final de Deus (Hb 1.1-2), prova cabal do Deus Emanuel, conosco, não para destruir, mas para salvar.
Isaías para hoje
Já pensamos em nossa aceitação ou não da palavra do Senhor. Agora chegou a vez de pensarmos nas palavras dadas ao Messias. Com qual dos nomes do versículo 6 você pode se identificar mais? Por quê?
Conclusão
Palavras! Palavras! O mundo está cheio de palavras de orientação, confronto, redirecionamento, etc. Mas esses dois capítulos de Isaías indicam que acatar palavras humanas e rejeitar a palavra do Senhor é convidar rejeição. As primeiras e últimas palavras dos capítulos são “disse-me… o Senhor” e “o zelo do Senhor… fará isso”. Toda nossa vida precisa ser vivida dentro desses limites. “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor” (Ap 1.8) (início e fim do alfabeto grego), primeira e última palavra. Portanto “à lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Is 8.20).
Autora da lição: Dra. Joyce Elizabeth W. Every-Clayton
>>Estudo publicado originalmente pela Editora Cristã Evangélica e usado com permissão.