Justiça e relacionamentos: os relacionamentos autênticos são a essência da justiça

Série “Viva com Justiça” | Estudo 8

“Quando as pessoas começam a ir além da caridade e passam a demonstrar justiça e solidariedade pelas pessoas pobres e oprimidas, tal como Jesus o fez, elas passam a ter problemas. Uma vez que passamos a ser amigos daqueles que enfrentam dificuldades, começamos a perguntar por que as pessoas são pobres, o que nunca é tão popular quanto fazer caridade.”

– Shane Claiborne

“Você não pode liderar as pessoas sem amá-las. Você não pode salvar as pessoas sem servi-las.”

– Dr. Cornel West

Texto base: Mateus 25:31-46

 

Perguntas para discussão

  1. Jesus disse que, quando fazemos algo por algum dos seus “menores irmãos”, nós o fazemos para ele. Há uma diferença entre fazer “por” ele e fazer “para” ele?
  2. No mundo de hoje, muitas vezes não vemos os necessitados face a face em nossa vida cotidiana. Isso faz com que seja mais fácil nos “recusarmos” a ajudá-los? Somos menos obrigados a ajudar aqueles que não fazem parte da nossa comunidade?
  3. Hoje em dia, quem são os “menores irmãos” em nosso mundo? Como seriam seus encontros com eles se você os tratasse como se fossem Jesus?
  4. O que Deus está lhe dizendo, e como você vai responder?

Trabalho em grupo

Humildade e vulnerabilidade devem estar na essência de todos os nossos relacionamentos. No contexto da busca da justiça, isso é verdade tanto com aqueles que estamos procurando ajudar quanto com os nossos entes queridos. Este próximo exercício serve para praticar ambas as situações!

Em grupo, comecem a orar juntos. Orem para que vocês formem relacionamentos autênticos uns com os outros, por oportunidades para manter relacionamentos com pessoas oprimidas e por relacionamentos firmes com os seus entes queridos. Orem, à medida que o Espírito Santo os conduz.

Quando vocês estiverem orando, peçam que uma pessoa comece a lavar os pés da pessoa a sua esquerda. Em seguida, aquela pessoa lava os pés da pessoa a sua esquerda e assim por diante, até que todos tenham participado, se assim o desejarem.

Trabalho individual

Reflita sobre os seus próprios relacionamentos. Faça uma lista das dez pessoas com as quais você se relaciona mais frequentemente. O que a lista lhe diz? Todas as pessoas na lista são da mesma etnia que você? Elas estão todas na mesma situação socioeconômica que você? A lista poderá indicar que você está muito orientado(a) a sua família ou muito ligado(a) a comunidade formada pela sua igreja ou ao seu bairro. Quem mais você gostaria que estivesse nessa lista?

Pense em três maneiras de como você poderia se esforçar mais em seus relacionamentos este ano. Talvez você queira comprometer-se a conhecer uma nova família na sua vizinhança, em seu bairro ou cidade. Talvez queira fazer amizade com uma família de um grupo étnico diferente em sua igreja ou simplesmente voltar a fazer contato com um membro da sua família do qual você se distanciou. Anote esse compromisso em seu plano de ação.

Oração

Senhor, ajuda-me a lembrar que o teu coração está voltado para as pessoas e não apenas para a causa. Dá-me um coração terno para com aqueles que experimentam injustiça; afasta-me da apatia. Ao buscar veementemente a justiça, ajuda-me a não fazer isso à custa da minha família e dos meus amigos, mas que a minha busca pela justiça possa aproximar toda a minha comunidade de ti. 


PARA SABER MAIS

 

Sacrificado no altar da justiça

Por Jason Fileta

Imagine a cena: eu, um organizador jovem e idealista, representando o Desafio Miqueias EUA nas Nações Unidas, na cidade de Nova York. Eu aspirava ser como aqueles homens que estavam sentados a mesma mesa de jantar que eu. Eles eram meus heróis na terra, homens que lideravam organizações de justiça internacionalmente conhecidas e respeitadas. Eles estavam nas Nações Unidas para testemunhar, dar palestras e exortar os líderes mundiais a cumprir as suas promessas as pessoas empobrecidas.

Eles me desafiaram a manter relacionamentos autênticos com as pessoas pobres, a juntar-me aos oprimidos, em vez de simplesmente apoiá-los. Naquela semana, eles foram umas das poucas pessoas em Nova York que ergueram a voz dos oprimidos, contando as suas histórias e levando as suas preocupações aos corredores do poder, onde a maioria das pessoas em extrema pobreza nunca teria a chance de falar.

Eu tinha lido os livros que eles escreveram, pago para ouvi-los em várias ocasiões e orado para que um dia eu me tornasse como eles… até o momento em que chegamos a sobremesa.

Um líder perguntou ao outro sobre o filho dele. A sua resposta foi mais ou menos a seguinte: “Ele está bem, já terminou o tratamento, mas não tem certeza de quem ele é e do que está fazendo”.

Um a um, todos compartilharam as piores lutas enfrentadas pelas suas famílias. Relacionamentos ruins com os filhos, filhos distanciados, uso de drogas, alcoolismo, tentativas de suicídio, depressão e vários outros problemas. Meu coração sentiu a dor que eles sentiam, mas também me perguntei: Como pode ser que homens que trazem tanta cura para o mundo enfrentem tanta desolação em seus próprios lares?

Depois que todos terminaram de compartilhar, um dos líderes propôs um brinde e disse: “O que fazemos não é fácil para as nossas famílias, não é mesmo”

Brindamos ao que havia sido dito e bebemos. Naquele momento, decidi que tinha de haver uma maneira melhor. Que o meu chamado para buscar justiça não tinha de ser exercido à custa da minha vocação para ser marido ou pai. Se isso acontecesse, eu estaria buscando a justiça de quem? Certamente, não seria a justiça de Deus, pensei. Eu pouco sabia que levaria anos para que eu realmente aprendesse essa lição.

Muitas vezes, quando pensamos em relacionamentos e justiça, pensamos em como aqueles que ocupam posições de poder devem manter relacionamentos genuínos, dignos e autênticos com as pessoas oprimidas. Esta é uma conversa importante, mas também devemos considerar os nossos relacionamentos pessoais com aqueles com quem Deus nos chamou para convivermos: as nossas famílias e os nossos entes queridos.

Não me interpretem mal: a justiça sempre nos custará algo, mas o valor das nossas famílias e entes queridos é alto demais para ser sacrificado no altar da justiça.


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>>> Estudo bíblico retirado da Sessão Oito do livro Viva com Justiça, de Tearfund e Desafio Miqueias. Reproduzido com permissão.

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