Natal de verdade
Jesus foi colocado no útero de Maria pelo Espírito Santo; na manjedoura de Belém por Maria; na cruz pelos soldados romanos; e, no sepulcro, por José de Arimateia e Nicodemos.
Entre o primeiro evento e o último transcorreram-se cerca de 34 anos. Sucessivamente, o útero ficou vazio, a manjedoura ficou vazia, a cruz ficou vazia e o sepulcro ficou vazio.
Nesse curto período de tempo, o Verbo se fez carne e viveu entre nós, cheio de graça e de verdade. Vimos a sua glória diversas vezes, nos céus de Belém, no rio Jordão, nas estradas e nos lugares desertos, no monte da transfiguração, no mar da Galiléia, no Jardim das Oliveiras, em casas particulares (de Maria, Marta e Lázaro, de Jairo, de Pedro, de Simão, o fariseu), na sinagoga de Nazaré, e no templo de Jerusalém.
Ouvimos as suas parábola, os seus discursos, e as suas respostas às perguntas e aos enigmas que lhe apresentavam. Vimos a sua humanidade por inteiro e a sua divindade por inteiro. Vimos como ele enxergava o sofrimento alheio, se compadecia do sofrimento alheio e gastava tempo com o sofrimento alheio. Vimos como ele perdoava o pecador coberto de pecado e de vergonha, e condenava o pecador coberto de pecado e de hipocrisia. Vimos as suas muitas curas e as ressurreições que ele operou, os seus muitos milagres e sinais. Vimos a sua agonia no Getsêmani, a sua morte na cruz, a sua ressurreição no primeiro dia da semana posterior ao seu sepultamento. Vimos as suas muitas e extravagantes aparições. Ouvimos as suas últimas palavras e vimos o seu último gesto ao ser elevado ao céu numa nuvem.
No primeiro Natal, diz C. S. Lewis, Deus desembarcou de forma mascarada neste mundo ocupado pelo inimigo, dando início a uma espécie de sociedade secreta para minar o Diabo. Nós fazemos parte dessa sociedade secreta, mas não fechada, que é a Igreja Invisível. Quando o tempo da graça se esgotar, Deus acabará invadindo a história e, quando isso acontecer, será o fim do mundo, acrescenta C. S. Lewis!