A salvação toda
Estamos cometendo uma injustiça muito grande. Não passamos para o rebanho as boas novas da salvação (Lc 2.10-11). E, quando passamos, mencionamos apenas partes da salvação e, não, a salvação toda.
A salvação toda cobre o passado, o presente e o futuro do rebanho. É por esta razão que falamos acertadamente que fomos salvos, somos salvos e seremos salvos. Fomos salvos da culpa do pecado, somos salvos do poder do pecado e seremos salvos da presença do pecado. Em termos teológicos, a salvação no passado chama-se justificação, a salvação no presente, santificação e a salvação no futuro, glorificação.
A salvação toda começa quando o pecador, prestes a se afogar, agarra-se à corda que lhe é lançada pela graça de Deus. Então, ele escapa da morte eterna. Mas ainda terá grandes dificuldades dentro dele mesmo e ao seu redor. Quer fazer o bem e não consegue.
Deus novamente vem em seu auxílio e lhe dá meios de graça e o poder do Espírito Santo para sobreviver. Todavia, o pecador, mesmo agradecido, quer mais alguma coisa da parte de Deus. Ele aspira à santidade total, a troca de seu corpo mortal e corruptível por outro não mortal nem corruptível, a troca de seu meio ambiente por novos céus e nova terra. É aí que vai terminar a salvação toda, quando Deus redimir tudo, até a criação, que agora geme e suporta angústias (Rm 8.18-23).
A salvação sem santidade gera escândalo, a salvação sem glorificação gera decepção. A salvação toda inclui o começo, a continuação e a consumação. Não podemos pregar só o começo, nem só a continuação nem só a consumação.
Os pastores precisam anunciar a salvação abrangente e o rebanho precisa desenvolver sua salvação com temor e tremor (Fp 2.12).
Tempo Libertação Processo Em linguagem teológica
Passado Culpa do pecado Fomos salvos Justificação Começo
Presente Poder do pecado Somos salvos Santificação Continuação
Futuro Presença do pecado Seremos salvos Glorificação Consumação
Não fique parado!
Se você é vagaroso para crer no Jesus do Evangelho, não fique desanimado nem desista da caminhada. Alguns custam a entender e demoram a crer. A começar com os próprios discípulos do Senhor (Veja a história de Nicanor, em Da Páscoa ao Pentecostes).
Vá em frente. Insista. Reprima a incredulidade e alimente a capacidade de crer. Descomprometa-se com o pecado conhecido, pois o pecado é um entrave à fé. Confesse a Deus suas limitações, sua cerviz dura, sua indisposição para crer, seu orgulho, sua dor. Suplique a misericórdia divina, seu perdão, sua força, sua manifestação. Abra a Bíblia e leia com regularidade, com atenção, com boa vontade, com humildade: “A fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a Palavra de Cristo” (Rm 10.17, NVI). Faça amizade com pessoas que já creem para receber alguma influência da parte delas. Frequente uma igreja acolhedora, honesta, onde Jesus é anunciado, seja ela qual for.
Você precisa de cura. Apatia religiosa é doença. Incredulidade é doença. Apego ao pecado é doença. Preconceito é doença. Comece o tratamento. Tenha coragem de começar e coragem de continuar. Talvez você fique completamente bom muito logo. Mas não fique parado.
Texto originalmente publicado na edição 263 de Ultimato.