O Deus que derrama
Deus derrama água sobre a terra seca e sobre a alma sedenta (Is 44.4). Derrama luz sobre quem está em trevas (Sl 18.28). Derrama óleo fresco sobre quem se encontra exausto (Sl 23.5; 92.10). Derrama bênçãos sem medida sobre quem não sabe e não pode viver sem elas (Ml 3.10).
O Deus que derrama conhece suas necessidades básicas e despeja sobre você a sua misericórdia (Tt 3.6), a sua graça (Ef 1.8) e o seu amor (Rm 5.5). Nada é pingado, tudo é derramado profusamente. Ele quer resolver seus dramas, que romper os grilhões que o oprimem, quer mudar a direção da sua vida, quer dar-lhe a certeza do perdão, quer trocar sua insegurança por um sentimento muito mais confortável.
A palavra mais usada para designar a descida do Espírito Santo é o verbo derramar. “Derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade” (Is 44.3); “Derramarei o meu Espírito sobre a casa de Israel” (Ez 39.29); e “Derramarei o meu Espírito sobre toda a carne” (Jl 2.28). Aqui o verbo está no futuro, mas depois de cumprida a promessa, ele muda para o passado: “Admiraram-se porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo” (At 10.45).
Até aqui você só tem boas notícias. Todavia é necessário que você fique bem informado de tudo. O mesmo Deus que derrama sua misericórdia, sua graça e seu amor é capaz de derramar também sua indignação, seu furor e sua cólera (Sl 69.24; 79.6;Jr 42.18). Este esvaziamento da ira de Deus só acontece quando você ou qualquer outra pessoa esbanjam totalmente a graça divina, vivendo deliberadamente em pecado.
O caso mais patético é o quadro apresentado no Apocalipse, quando se menciona o derramar das sete taças cheias da cólera de Deus sobre os que “não se arrependeram de suas obras” (Ap 16.1-21). Deus teria um caráter incompleto e imperfeito se derramasse sobre você só o seu furor ou só a sua misericórdia.
Texto extraído do livro Em Letras Grandes, volume 2. Ultimato, 2000.