Amor que constrange
O que Paulo quer dizer quando escreve aos coríntios que “o amor de Cristo nos constrange” (2 Co 5.14)?
Nem todas as traduções usam o verbo constranger. Duas dizem que o amor de Cristo nos impele ou compele. A Edição Pastoral usa um verbo mais conhecido: “O amor de Cristo nos impulsiona”. As versões mais soltas são mais claras: “O amor de Cristo nos governa” (A Bíblia Viva) ou “Somos dominados pelo amor que Cristo tem por nós” (Nova Tradução na Linguagem de Hoje).
Por que o amor de Cristo nos constrange, nos impele, nos compele, nos impulsiona, nos governa ou nos domina?
A explicação de Paulo é convincente: o amor de Cristo nos impulsiona quando sabemos que um só – o próprio Jesus – morreu por todos. Quando consideramos o aspecto vicário da morte de Jesus, quando entendemos que Ele deu sua vida livremente, quando não temos a menor dúvida quanto ao significado da cruz – então sentimo-nos dominados por esse amor sem paralelo, sem igual.
O evangelho, diz a nota de rodapé da Edição Pastoral, “não é simples história de Jesus, e sim o anúncio de sua morte e ressurreição, que restaura a condição humana, vence a alienação causada pelo pecado e inaugura nova era. A cruz de Jesus anuncia o fim da inimizade com Deus e inaugura a era da reconciliação universal”.
De fato, o amor de Cristo nos constrange, nos força, nos coage, nos obriga a não vivermos para nós mesmos, mas para aquele que por nós morreu e ressuscitou. Afinal, “aquele que nada tinha a ver com o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que por meio dele sejamos reabilitados por Deus” (2 Co 5.21, EP).
Texto originalmente publicado na edição 277 de Ultimato.