Por que não há mais igrejas cristãs na Turquia (antiga Ásia Menor), onde Paulo esteve com Barnabé em sua primeira e bem sucedida viagem missionária? O que é feito das igrejas por ele fundadas em Antioquia, Icônio, Listra, Derbe e Perge? O que aconteceu com as sete igrejas do Apocalipse, localizadas na Turquia ocidental, para as quais o próprio Jesus enviou cartas pastorais (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia)? Por que no final do terceiro século 50% da população da Ásia Menor era cristã1 e hoje esta porcentagem não chega à metade de 1%?
Por que o norte da África é hoje uma das regiões do mundo mais fechadas para o evangelho, quando havia ali uma igreja cristã extremamente forte nos três primeiros séculos? O que é feito da famosa Escola de Catequese de Alexandria, fundada por Panteno e que exerceu uma influência notável no mundo inteiro? Só nesta região havia quinhentas dioceses – 1/4 de todas as dioceses do cristianismo de então.2 Esta igreja nos deu os mais notáveis apologistas cristãos do segundo e terceiro séculos: Tertuliano, Clemente e Orígenes. Além de Cipriano e Agostinho. Por que todos os países do norte da África, exceto o Egito, têm hoje de 99 a 100% de muçulmanos? (No Egito são 85%.)
Por que 3,4 milhões de alemães católicos e protestantes se desligaram de sua igrejas de 1985 a 1994? Por que o número dos que se desligam está 100% mais alto nos três primeiros meses de 1995?3
Por que o número de adeptos do islamismo, do hinduísmo e do budismo no âmbito mundial está crescendo mais que o número de cristãos? Se Jesus Cristo é de fato incomparavelmente superior a Buda, que nasceu cinco séculos e meio antes de Cristo (cerca de 563 a.C.), e a Maomé, que nasceu cinco séculos e meio depois de Cristo (cerca de 570), por que o crescimento do islamismo é da ordem de 16% ao ano, do hinduísmo de 13%, do budismo de 10% e do cristianismo de 9%?4
Por que a presença islâmica é cada vez maior na Europa e na América do Norte? Por que o presente e crescente interesse pelas religiões orientais no Ocidente? Por que a maior parte dos protestantes da Europa e a maior parte dos católicos da América Latina são cristãos nominais?
Em última análise, a resposta nua e crua é uma só: não poucos cristãos têm o triste hábito de perder Jesus de vista.
Este processo desastroso de perder Jesus de vista acompanha a história do cristianismo. Já no tempo de Paulo, os cristãos da Galácia, na atual Turquia, começaram a perder a imagem de Cristo, a ponto do apóstolo lhes perguntar: “Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou? Não foi diante de seus olhos que Jesus Cristo foi exposto como crucificado?” (Gl 3.1). Tamanha perda levou-os a uma posição de alto risco, como se pode observar no desabafo de Paulo: “Temo que os meus esforços por vocês tenham sido em vão” (Gl 4.11). Situação ainda mais grave vivia a igreja de Laodicéia, também na Turquia, a qual Jesus diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3.20). Esta igreja auto-suficiente tinha Jesus Cristo do lado de fora e é exortada a começar tudo de novo. Tais acontecimentos ajudam a explicar o declínio total do cristianismo na antiga Ásia Menor.
Perder Jesus de vista não significa olvidar o seu nome ou a sua presença na história. Perder Jesus de vista é não acreditar no Jesus das Escrituras Sagradas, em sua divindade, em seu nascimento virginal, em sua morte vicária, em sua ressurreição e em sua ascensão. Não existe cristianismo sem Cristo e sem o Cristo certo.
No outono de 1994, os teólogos liberais norte-americanos que participam de um grupo chamado Seminário de Jesus examinaram a questão do nascimento virginal e 96% deles concordaram que este fato nunca aconteceu.5 Eles também afirmam que Jesus nunca ressuscitou e nunca foi assunto aos céus. Mais grave ainda é o resultado da pesquisa feita pelo sociólogo Jaffrey Hadden com dez mil pastores liberais nos Estados Unidos, publicada em 1982. Sobre se Jesus nasceu de uma virgem, 60% dos metodistas, 49% dos presbiterianos, 44% dos anglicanos e 19% dos luteranos disseram não. Sobre se Jesus é filho de Deus, 89% dos anglicanos, 82% dos metodistas, 81% dos presbiterianos e 57% dos luteranos disseram não. Sobre se Jesus ressuscitou dos mortos, 51% dos metodistas, 35% dos presbiterianos, 33% dos batistas, 30% dos anglicanos e 13% dos luteranos disseram não.6 Ora, isto é perder definitivamente Jesus de vista.
Perde-se também Jesus de vista quando o cristão não se nega a si mesmo e vive à sua maneira, segundo as inclinações da carne, segundo o curso deste mundo e segundo o príncipe da potestade do ar (Lc 9.23, Ef 2.1-3).
É oportuno lembrar que um dos mais importantes ministérios do Espírito Santo é evitar que se perca Jesus de vista. O papel do Espírito é glorificar o Senhor Jesus (Jo 16.14), fazer lembrar todas as palavras de Jesus (Jo 14.26) e fornecer poder para se dar testemunho de Jesus (At 1.8).
Não Perca Jesus de Vista! foi escrito para desenferrujar a igreja cristã e trazer de volta o Jesus dos Evangelhos para dentro das comunidades cristãs. Para redesenhar a imagem de Jesus Cristo ante os olhos dos cristãos professos e para lembrar-lhes que o início, o meio e o fim do cristianismo continua sendo Jesus, sua encarnação, sua morte como oferta pelo pecado e sua ressurreição. Para acabar com o sentimento de inferioridade e a insegurança dos cristãos que perderam a certeza de que Jesus é a pedra angular que sustenta o edifício todo. E para tornar a dar alegria e entusiasmo aos seguidores de Jesus.
Notas
1 Stephen Neill, Missões Cristãs, p. 46
2 J. Herbert Kane, A Concise History of the Christian World Mission, p. 51
3 Jurgen Marks, na revista alemã Focus (no 12, fevereiro de 1995).
4 Leighton Ford, Jesus, o Maior Revolucionário, p. 12
5 Time, 10/04/95, p. 37; Manchete, 15/05/95, p. 60
6 Citado por Ricardo Gondim, Os Santos em Guerra, p. 88
• Texto retirado de: CÉSAR, Elben M. Lenz. Não Perca Jesus de Vista. Viçosa, MG: Ultimato, 1995. p. 5-8.
#1 por Samuel de Barros, Rev. em 2 de novembro de 2010 - 11:12
Saudoso irmão, mestre e colega, paz.
O primo Dr. Uriel Heckert me enviou um E-mail contendo endereços e trabalhos do senhor.
Parabens pela utilização contínua e fiel da graça divina para as letras sacras. A lucidez dos artigos sobre o confronto da morte com Cristo e este, alertando a Igreja contemporânea, avida por novidades e crescimento e entretenimento evangeliquês… Continuo seu admirador!
Att. Sam.