Salmos 34.1-10
A palavra nosso é uma palavra-chave. Deixe-a de fora, e a oração não terá efeito, pois será assim: “Dá-me, perdoa-me, não me deixes cair, livra-me”. A própria natureza da oração passaria do social para o individual. Todo o desenvolvimento da religião é o desenvolvimento da palavra nosso. Quando é verdadeiramente cristianizada, a palavra nosso inclui todos de toda raça e cor, até os inimigos. O sumo sacerdote, quando entrava no Santo dos Santos, usava no peito o nome das doze tribos de Israel. Quando entramos na presença do Senhor, usamos uma simples palavra, uma palavra que vai além das relações tribais, a palavra nosso. Então, quando dizemos “Pai nosso”, nessas duas palavras estão a paternidade de Deus e a fraternidade da humanidade. Dois mundos revelados em duas palavras.
Chegamos agora ao segundo passo, “o teu nome”. A palavra nome, na Escritura, significa o caráter. Orar “em nome de Jesus” significa orar “no caráter de Jesus”. Em outras palavras, fazemos uma oração consistente com o caráter de Jesus, o tipo de oração que Jesus faria. Isso é o que determina se a oração é cristã.
“Santificado seja o teu nome” (“teu nome seja reverenciado”, tradução livre). Em outras palavras, “seu caráter seja reverenciado” é a minha primeira consideração. Jesus pôs em primeiro lugar a coisa determinante (o caráter de Deus), enquanto nós colocamos a coisa determinante (o caráter de Jesus, “em nome de Jesus”) por último. Talvez fosse melhor se começássemos nossas orações dizendo: “Senhor, estou fazendo esta oração no caráter de Jesus. Ele a aprovaria. Ela se enquadra em seu caráter”. Isso faria com que muitas orações morressem em nossos lábios. Assim como o muçulmano que lava os pés antes de entrar na mesquita, isso lavaria nossa boca, nosso coração, nossos motivos. “Seu caráter seja reverenciado primeiro, antes dos meus desejos, das minhas petições.” Tal atitude coloca o caráter de Deus em primeiro lugar e minhas reivindicações, em segundo; coloca ambas as coisas no devido lugar. Também esclarece os dois itens seguintes: “o teu reino, a tua vontade”. A “vontade” de Deus, como expressa no “reino” de Deus, não é arbitrária e caprichosa. É uma expressão do caráter de Deus. Uma coisa não é certa porque Deus a diz; Deus a diz porque ela é certa.
Ó Deus, vejo que as tuas leis e os teus decretos não são decisões arbitrárias de um onipotente soberano, mas a própria expressão da tua natureza – uma revelação de ti mesmo. Em meio a eles, sentimos o batimento cardíaco do Amor. Amém.
Afirmação do dia: “O teu reino é reino eterno, e o teu domínio permanece de geração em geração” (Sl 145.13).
>> Retirado de O Caminho [Stanley Jones]. Editora Ultimato.