Por Antonia van der Meer

Pela primeira vez foi uma viagem em grupo, no passado isso era impossível devido à falta de residências e a superpopulação dos apartamentos. Foi o casal Saimon e Renata, ex-alunos do Centro Evangélico de Missões (CEM), que viveram por dois anos em Angola servindo ao projeto FENADOR (Felicidade na Dor, Associação de Pessoas com Deficiência Física) e fortalecendo muito o ministério “Um Novo Reconstruir”, voltado às crianças pobres da comunidade. Eles levaram Mira, e os três ficaram 15 dias servindo esse ministério.

As crianças angolanas são lindas e alegres, mesmo em contexto de pobreza

Eu fui com outra amiga, Teresa, que é filha de um médico angolano de origem portuguesa. Na independência do país tiveram de fugir e a família veio ao Brasil. Ela tinha quase 9 anos. Esta foi a primeira vez que retornou, disposta a assumir qualquer tarefa. Foi uma boa companheira de ministério.

Começamos cinco dias com o FENADOR. Teresa, que já foi administradora de hotel, ajudou a melhorar a prestação de contas, balancetes etc. Minha parte foi ouvir, sentar com os líderes e participantes, pensar nos problemas existentes e como encontrar soluções. E no domingo todos participamos de um culto muito alegre em que levei a mensagem.

Estou com dois líderes da cooperativa de pessoas com deficiência física, que produz e vende artesanato, ambos são meus filhos na fé das minhas visitas ao hospital

Nos cinco dias seguintes, fomos para Lubango, onde participamos do Congresso Missionário organizado pelo ISTEL (Instituto Superior de Teologia Evangélica de Lubango), com 31 denominações. Algo novo e recebido com muito entusiasmo. O programa tinha palestras excelentes e bons grupos de discussão buscando aplicar os ensinos. Visitei algumas famílias amigas, além de encontrar muitos ex-alunos no Congresso. No domingo fomos ao culto da manhã, no qual nos deleitamos ouvindo dois corais no estilo africano e uma boa mensagem do Pr.Timóteo Carriker.

Essa foto é de pessoas líderes do GBECA (ABU angolana), esq. Para direita, Serafim, o presidente, Dinho, o novo Secretário Geral, eu, Paulo Mandavela, que foi Secretário Geral e Pr. Manzaila

Na volta a Luanda, fomos à casa do Pr. Manzaíla, que com sua esposa Rosana desenvolveram um projeto excelente, Missão DIA, num grande musseque (favela). Ela dá cursos para as mulheres da comunidade. Eles também recebem as crianças no período em que não estão na escola para reforço escolar. Além disso, dão cursos para líderes das igrejas das periferias mais pobres. O curso mais novo é teológico-missiológico para líderes e pastores. Dei a matéria: Ética Bíblica no Contexto Africano, com participação entusiasta dos alunos.

O melhor de tudo foi ver pessoas em quem investi há muito tempo, servindo a Deus e ao próximo com alegria. Um privilégio!

O que mudou em Angola?

O governo convidou os chineses que construiram boas estradas e enormes novos bairros de prédios, com toda infraestrutura necessária. Ficou bom, a pena é que não empregaram nenhum angolano, foi só chineses. Aí surge um tipo de classe média, mas a grande maioria do povo ainda vive na miséria nos enormes musseques, sem acesso à água, a luz geralmente é através de “gatos”. Não tem coleta de lixo, e assim surgem os enormes montões de lixo que multiplicam doenças. Não tem ruas, são ruelas cheias de buracos, só quem usa regularmente pode encontrar o caminho. Na área educacional houve muito progresso, há novas escolas secundárias, várias profissionalizantes e muitas novas universidades, e o povo está fazendo o possível para estudar.

E a igreja cresceu e se multiplicou, tanto no sentido positivo quanto negativo. Há boas igrejas, mesmo que muitos pastores tenham pouca formação, mas a Universal, o Poder de Deus e todo tipo de igreja brasileira estão a todo vapor, além de igrejas com características sincretistas, misturando o ensino bíblico com aspectos de religiões tradicionais africanas.

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