Busco em Deus sabedoria para envelhecer bem
No início de 1981 foi realizado o Acampamento da Juventude e eu fui convidado a participar. Ali Deus se revelou a mim de uma maneira maravilhosa. Enquanto a Palavra de Deus era pregada num culto da fogueira, a minha mente divagava em mil questionamentos sobre a minha vida, sobre o meu futuro, sobre a minha necessidade de Deus. Foi algo que não consigo descrever completamente, mas era como se Deus me acolhesse em seus braços e dissesse: “Venha, meu filho, eu quero ser o Seu Salvador e Senhor”. Era o dia 20 de janeiro de 1981. Eu estava com 17 anos de idade.
O trecho acima é um recorte do testemunho de conversão de um goianiense, nascido no verão de 1963, o primeiro filho do seu Ozair e da dona Célia. Apaixonado pela cultura e musicalidade brasileira, ele lembra que “não havia reunião da família sem violão e cantoria. Tios, primos, avós, todos cantavam. Família festeira, amante das serenatas.”
Jornalista, músico, compositor e pastor, ele é o primeiro blogueiro do Portal Ultimato Online e colunista da revista Ultimato, responsável pela seção “Novos acordes”, desde a sua criação em 2004. Atualmente mora em Brasília, onde pastoreia a Igreja Presbiteriana do Lago Norte. Confira abaixo um bate-papo na varanda da Ultimato com Carlinhos Veiga.
Alguma pessoa ou livro, em especial, influenciou sua aproximação da leitura e da escrita?
Não houve um livro em especial, nem mesmo uma pessoa. Sequer venho de um contexto onde a leitura fosse estimulada. Acho que três acontecimentos me levaram aos livros: a minha conversão a Cristo e a consequente sede de conhecer a Bíblia e autores cristãos; o despertamento da minha vocação musical e poética; e o curso de jornalismo na universidade, especialmente as matérias que envolviam produção de textos.
Quando a inspiração para escrever não vem…
Se o texto ou canção tem que nascer, porque precisa ser entregue, insisto e produzo o que dá. Depois saio, tomo um café, tento me desligar por uns minutos e volto pra dar um acabamento. Se não há um compromisso de entrega, fico divagando, rabiscando algumas linhas, lendo textos que possam me inspirar. Deixo nascer! Mas quase sempre é um processo lento, doloroso e, ao mesmo tempo prazeroso.
O que os adultos devem ler para as crianças?
Muitas histórias, especialmente as bíblicas. Contar histórias da família e estórias que aprendemos com nossos pais e avós também é muito legal.
Que conselho você gostaria de ter recebido na sua juventude?
Seria muito bom se tivesse conhecido pessoas ou grupos que me estimulassem à leitura. Quem sabe um professor que desse bons conselhos, ou amigos. Lembro que na adolescência eu me reunia com os colegas para ouvir os lançamentos da MPB. Isso me fez um bem danado.
Como você lida com o envelhecer?
Depois dos 50 anos de idade esse tema ficou mais claro diante dos meus olhos por algumas razões: o envelhecimento dos meus pais, a saída dos filhos de casa e as limitações do corpo (especialmente dos sentidos). Busco ler livros sobre o tema e conversar com amigos que vivem a mesma fase. Tento me conscientizar da necessidade de diminuir o ritmo no trabalho e de dar oportunidade a pessoas que levem adiante o que tenho feito. E, é claro, tenho ido mais aos médicos para um acompanhamento. Desejo envelhecer bem. Busco em Deus sabedoria para isso.
O que mais o anima e o que mais o incomoda no meio evangélico?
Fico animado ao ver que muitos cristãos estão mais côncios de sua vocação cristã, de seu chamado a ser exercido na vida, na sociedade. Parece-me que o fosso de separação entre o que se faz no domingo e nos demais dias da semana diminuiu para muita gente. Vejo cristãos sérios na politica, nas artes, na academia, na medicina e em todas as áreas do conhecimento. Isso me anima muito. É claro que muitos que ocupam essas áreas ainda a fazem de maneira equivocada, dicotômica, fazendo separação entre o secular e o religioso e, por isso, dando péssimo testemunho acerca da sua fé, muitas vezes. Mas, se tem percebido bem, essa realidade mudou para muitos.
O que talvez mais me incomode no meio evangélico é a maneira como se dá o crescimento do mesmo, sem uma consciência do compromisso do discipulado cristão. Falta ética, amor, respeito, sabedoria. A igreja se divide por opiniões pessoais, por ideologias, por teologias. E dividida se torna agressiva, desrespeitosa e doentia. Isso, sem dúvida, me entristece e incomoda.
Que conselhos você daria a quem assumisse sua coluna na próxima edição da revista?
Que seguisse os mesmos passos que um dia, concordemente, propus seguir com a Ultimato, divulgando artistas cristãos independentes, que tenham compromisso com a arte e a cultura brasileira, e que produzam música de qualidade comprovada. A igreja brasileira lança inúmeros artistas na mídia anualmente. São inúmeros CDs e DVDs, além dos lançamentos exclusivos para as plataformas digitais. Mas existe muito pouco incentivo para gente que tem os elementos acima como critério. Espero que a Ultimato sempre preze por isso.
Jonas Pinho
Carlinhos tem sido companheiro, amigo, ouvir seus comentários sobre a vida e a vida traz crescimento e reflexões. Tenho preocupação sobre o assunto envelhecer, ser sábio, ser amigo, ouvir, ser conselheiro, dessa turma que tanto precisa ser ouvido e saber ouvir. Que Deus nos de graça nessa fase da vida.
Elecy
Carlinhos e Claudinha são um presente de Deus para nossa geração.Gente que dedicou a juventude a Deus e tem sabido envelhecer muito bem.Familia querida e abençoada.Amigos e orientadores de muita gente.que Deus continue a os guardar.Com amor,em Cristo…Elecy(da goianidade raiz).