As expectativas de Deus para os adultos em relação às crianças
Livro da semana | A Criança, a Igreja e a Missão
Deus espera que os adultos amem, cuidem, protejam, eduquem e alimentem seus filhos.
Os pais devem educar e ensinar seus filhos. Provérbios 6.20 incentiva as crianças assim: “Meu filho, obedeça aos mandamentos de seu pai e não abandone o ensino de sua mãe”. Provérbios 22.6 fala da responsabilidade dos pais em criar um desejo para as coisas espirituais em crianças de tenra idade: “Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles”. Deuteronômio 6.7 exorta os adultos a, sempre que possível, ensinarem seus filhos a amar e obedecer à lei: “Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho”.
Os adultos devem amar, respeitar e receber as crianças. Jesus demonstrou para nós sua preocupação pelas crianças com uma abordagem própria. Ele insistiu que seus discípulos recebessem as crianças e que não as atrapalhassem ao se aproximarem dele:
Depois trouxeram crianças a Jesus, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas. Mas os discípulos os repreendiam. Então disse Jesus: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”. – Mateus 19.13-14
Os pais são os cuidadores primários das crianças. O fato de Deus ter confiado o seu próprio filho aos cuidados de seres humanos sendo ele uma criança vulnerável indica a importância do papel dos pais. Deus exigiu que seu filho fosse criado por uma família e comunidade frágeis, porém capazes de fazê-lo. A experiência de Jesus como criança fornece um modelo baseado na confiança e responsabilidade que devemos seguir.
Na igreja primitiva, os pais eram incentivados a criar seus filhos “segundo a instrução e o conselho do Senhor”. Os pais eram exortados a não irritar ou exasperar seus filhos, “para que eles não desanimem”. Estes ensinamentos eram dados num contexto no qual os filhos eram incentivados a obedecer a seus pais ao mesmo tempo em que desafiava-se a autoridade ilimitada dos pais sobre as crianças da família.
No Antigo Testamento, as crianças estavam totalmente sujeitas à autoridade do chefe patriarcal e eram tidas no âmbito legal como sua propriedade. No entanto, a expectativa de Deus era a de que os adultos dessem atenção aos seus cuidados e educação. Desde a mais tenra idade, os adultos deveriam incluir as crianças nos rituais da fé. Como o texto conhecido de Deuteronômio 6 ilustra, uma entre tantas passagens, os pais deveriam atentar mais para sua responsabilidade em relação aos filhos do que observar os seus direitos em relação às crianças.
Assim também, as parábolas de Jesus enfatizam que o amor de um pai deve ser sacrificial. Dois exemplos estão registrados em Lucas, um na parábola dos lavradores maus e outro na do filho pródigo. Em Maria, mãe de Jesus, temos o amor sacrificial de uma mãe. Em Lucas 11, Jesus também ensina que os pais naturalmente preferem dar coisas boas a seus filhos. Paulo observa como os pais encorajam, consolam e insistem com seus filhos.
A comunidade também é importante na educação e cuidado das crianças. A Bíblia mostra que os pais têm a responsabilidade primária de cuidar dos seus filhos e educá-los. Do mesmo modo, o papel da comunidade é visto como essencial. No Antigo Testamento, parte da aliança da comunidade do povo de Deus envolvia a harmonia das relações entre as crianças e seus pais. De acordo com Malaquias 4.6, a menos que os corações dos filhos se voltassem para seus pais (e vice-versa), a terra seria amaldiçoada. Não é preciso muita imaginação para ver que a terra recebeu o impacto de alguma maldição se você caminhar pelas favelas de qualquer grande cidade do mundo, como eu já fiz. Não é assim que Deus quer que o seu povo viva.
Em sua carta a Timóteo, Paulo descreve a vida da igreja como a família de Deus, onde há uma comunidade de crentes que têm carinho e cuidado uns pelos outros e que funcionam como modelo na forma como conduzem seus lares. As crianças órfãs na igreja primitiva eram vistas como merecedoras de atenção especial porque estavam fora da unidade familiar normal da estrutura patriarcal de então. Essa atenção é uma ampliação especial da proteção de Deus para com os órfãos encontrada em todo o Antigo Testamento.
Trecho retirado do livro A Criança, a Igreja e a Missão, de Dan Brewster (Editora Ultimato).