As vozes na evangelização dos surdos
// ESPECIAL VOCARE2018
O Vocare 2018 está a todo vapor. Na tarde desta sexta-feira, 01/06, aconteceram mais de quarenta oficinas sobre temas diversos, uma delas foi ministrada pela missionária Marília Manhães, da Junta de Missões Nacional (JMN), cujo tema foi “Desafio da evangelização dos 9 milhões de surdos aqui no Brasil”.
Segundo a missionária, o processo de encontrar o surdo a ser evangelizado é uma dificuldade a se considerar. “Outros povos, como os índios, por exemplo, estão concentrados e é mais fácil saber onde encontrá-los. Já os surdos estão espalhados, então é preciso estar atento e procurar saber onde estão”. Mesmo depois de identificados o processo de conversão é demorado e requer preparo por parte dos ouvintes. Para que realmente haja compreensão do evangelho e conversão é necessário estudar história, língua, crença, valores, identidade e organização social.
Apesar da Língua Brasileira de Sinais (Libras) ser o segundo idioma oficial do Brasil, poucos têm interesse e conhecimento no assunto. É preciso considerar o fato preocupante de que a Bíblia em português não é de fácil compreensão para os surdos, o que torna o trabalho de tradução em Libras uma demanda ministerial.
Durante anos a língua de sinais foi proibida, na tentativa de obrigar, de alguma maneira, que o surdo falasse. Entre as décadas de 80 e 90 houve um movimento dentro das igrejas para atrair os surdos, mas os cristãos não estavam preparados ou dispostos ao discipulado a longo prazo, que demanda muito estudo. Anos mais tarde, os surdos a saíram da igreja por não entender claramente o evangelho. A partir do ano 2.000 surgiram algumas agências missionárias, como a JMN, que passaram a investir mais em evangelização e discipulado de surdos.
Marília alerta sobre erros cometidos que atrapalham o evangelismo e discipulado de surdos. “Devemos acabar como paternalismo, assistencialismo e estereótipos. O surdo tem orgulho de quem ser surdo, as pessoas precisam entender isso. A confusão de libras com mímica também é um erro”.
Muitas vezes, a comunicação na própria família do surdo é difícil, o que gera sentimento de culpa e vergonha, por isso Marília enfatiza: “Saber libras é lindo, mas precisa trazer transformação de vida para valer a pena. Os surdos não irão ouvir a mensagem do evangelho se não emprestarmos nossas mãos e sentidos para levá-los aos Senhor”.
Por Luane Souto
Edição: Phelipe Reis
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