Nossos traumas não nos impedem de participar da missão de Deus
Por: Phelipe Reis | Edição: Amanda Almeida
“Tive muitos momentos bons durante a minha infância. Até que um dia eu entrei no quarto do meu pai e o vi sentado na cama, chorando. Antes, ele havia dito para minha mãe que ele não tinha mais vontade de viver; estava com depressão. Naquela época, há 20 anos, a doença era um tabu. Meu pai parou de trabalhar, perdemos nossa casa e eu tive que ir morar com outras pessoas. Nesse período, um amigo da família, que sempre ia nos visitar, começou a me dar presentes – tudo o que uma criança normal de seis anos gostaria de ganhar. Mas em troca dos presentes, ele começou a abusar sexualmente de mim, durante meus seis até os sete anos de idade. Na adolescência, me revoltei, entrei para o mundo das drogas e comecei a praticar pequenos furtos. Mas um dia o sol brilhou na vida daquele jovem revoltado, que no fundo só queria um pouco de atenção. Me apaixonei por uma moça. Mas no dia em que decidi falar com ela, a encontrei aos beijos com um outro cara. Eu tinha dado um meu coração para alguém que pegou, amassou e jogou na lata de lixo. Então eu busquei refúgio nas drogas de novo e passei uma semana consumindo drogas, até ter uma overdose. Foi quando passou um filme com todas as lembranças da minha vida e recordei do que uma amiga da minha mãe me disse certa vez: ‘Roberto, Deus tem um plano para sua vida’. Então eu orei. Orei para um Deus que até então eu nem conhecia. Disse: ‘Deus, se tu existe, não deixes que eu morra sem antes te conhecer’. Naquele dia, uma mão me livrou da morte.”
Esse é começo da história de vida do Roberto Fernandes, que foi totalmente transformada a partir daquele dia, quando estava à beira da morte por causa de uma overdose. Desde então, ele começou a falar de Jesus para drogados, pessoas de rua e foi para o Rio de Janeiro pregar o evangelho para os traficantes, no meio das favelas. Após fazer um curso na Missão Antioquia, Roberto se mudou para Burquina Faso, um país no oeste da África, onde criou o Centro de Assistência e de Formação Integral (Cafi), que conta com um orfanato para 40 meninos. Na época, havia mais de 2 milhões de meninos em situação de trabalho escravo; eram os chamados “meninos Garubous”. De acordo com Roberto, Gaburous são garotos entregues pelas famílias para aprender o Alcorão e forçados a pedir esmolas nas ruas.
Hoje, casado com Simone, Roberto continua atuando na Burquina Faso como missionário, usando sua profissão como fotógrafo e videomaker para oferecer cursos profissionalizantes a jovens africanos. Ele também trabalha em tribos não alcançadas pelo evangelho e coordena o programa de tradução da Bíblia do povo Samblá.
Roberto foi uma das três pessoas que contaram seus testemunhos no primeiro dia do Vocare. São histórias de pessoas comuns, com traumas, medos e falhas, mas que foram e estão sendo usadas por Deus. “Cada um tem uma história diferente, talvez com dores no coração. Mas Deus pode transformar e usar sua vida para transformação de outros”, finalizou o missionário.
A missão encarnacional de Jesus como modelo para a Igreja
Quem trouxe a reflexão da primeira noite do Celebra Vocare foi o pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, de Brasília, Thiago Tomé (foto ao lado). Baseado em João 17.18, ele enfatizou o exemplo encarnacional da missão de Jesus como modelo para a Igreja. Confira alguns trechos da fala do pastor:
“A nossa missão parte da nossa identidade, da nossa identificação com Jesus e o envio dele, pelo Pai, ao mundo.”
“A nossa missão começa onde nós estamos.”
“A Bíblia diz que somos ‘cartas vivas’. Jesus encarnou, criou laços com as pessoas, deixou que sua vida fosse lida pelos outros. Como as pessoas que estão à sua volta estão lendo sua vida?”
“O mundo verá a glória do filho quando a igreja se ajoelhar e aprender a ser serva como Jesus foi servo.”
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Phelipe Reis é jornalista e integra a equipe Ultimato na cobertura do Vocare2017.
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