[500 Anos da Reforma]
Por Martinho Lutero

Ao se levantarem na manhã seguinte, ele disse: “Deixem-me voltar ao meu senhor. […] Não me detenham, agora que o Senhor coroou de êxito a minha missão. Vamos despedir-nos, e voltarei ao meu senhor”.
— Gênesis 24.54b-56

Esta passagem das Escrituras nos proporciona um bom exemplo. O servo de Isaque estava ávido para levar a futura noiva do seu mestre para ele. Aqui somos lembrados de que quando o assunto é fazer a obra de Deus não devemos ficar parados e procrastinar. Precisamos superar todos os obstáculos que nos impedem de completar nossa tarefa.

Até mesmo escritores não cristãos dizem que as pessoas, depois de pensar sobre uma questão, devem rapidamente seguir em frente com suas intenções e agir sem demora. Sallust, o político e historiador romano, deu este conselho: “Depois de analisar, aja rapidamente!” Bonaventure também fez uma declaração excelente sobre este assunto: “Aqueles que perdem grandes oportunidades serão ignorados”. Ainda pior do que tudo isso é quando adiamos fazer o que Deus ordena.

A procrastinação resulta em danos sérios. Quem não responde rapidamente quando o Espírito Santo chama perderá sua oportunidade. Raramente ele pede mais de uma vez. Isso eu aprendi por experiência pessoal. Todas as vezes em que era necessário orar, ler ou participar da Santa Comunhão, quanto mais eu adiava, menos eu sentia necessidade de fazê-lo. O Espírito Santo não dá seus dons àqueles que procrastinam. Ele prefere os que o obedecem de boa vontade e desempenham as ordens de Deus alegremente e sem demora. Vemos essa atitude no Salmo 119.60: “Eu me apressarei e não hesitarei em obedecer aos teus mandamentos”. O Espírito Santo aprovou essa mesma avidez em Rebeca, quando ela prontamente deu água a Eleazar e correu para contar à sua família sobre a sua visita. Exemplos como esses, de servos de Deus, devem nos inspirar a resistir à tolice da procrastinação.

Em 2017, Ultimato vai relembrar e celebrar os 500 anos da Reforma Protestante. O Blog publica, sempre às segundas-feiras, uma devocional do reformador Martinho Lutero, retirado do seu Somente a Fé - Um Ano com Lutero.
  1. Quando se usa um texto bíblico para tirar uma lição prática, sobretudo de natureza moral, está-se surrupiando do texto o que ele tem a dizer, e introduzindo nele o que o texto jamais teve a intenção de produzir. É o caso dessa ideia aqui de PROCRASTINAÇÃO que bem poderia ser abordada sem ter que denegrir o texto bíblico.

    Se é possível fazer isso, por que não se pode tirar uma lição sobre o ser corno no Velho Testamento. Há pelo menos dois textos em Gênesis. Nos dois Abraão faz o papel do corno.

    Então ficamos assim, a bíblia não se presta a esse tipo de lição que eu sugiro e nem a do autor sobre procrastinação.

    Salva-se a bíblia e respeita-se o leitor.

  2. Quanto a questão levantada pelo Eduardo, me proponho a dialogar. Imagino que Lutero fez válida exposição bíblica, porém não através de uma abordagem “expositiva”. Como é reconhecido na homilética sagrada, há as diferentes abordagens “expositiva”, “textual” e “tópica” para comunicação da Palavra. E pelo que parece o uso do texto que Lutero faz se aproxima mais da abordagem “tópica”. Ou seja, não expõe expositivamente o texto bíblico base, senão somente o toma para justificar a ideia da “procrastinação” que desejava explorar. As abordagens “tópica” e “temática” são tão igualmente válidas tão quanto a “expositiva” para proclamar a Palavra, desde que igualmente estejam fundamentadas na Bíblia. Por exemplo, Charles Spurgeon, o Príncipe dos Pregadores, estruturava grande parte de suas mensagens em um só versículo, ou ainda em uma única frase de um versículo. Porém, fundamentando tal abordagem com seu vasto conhecimento bíblico, e aplicando com pertinência e respaldo na Palavra. O mesmo se aplica ao texto de Lutero em questão.

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