Na arte, tudo pode ser novo de novo
Entrevista com o designer Anderson Monteiro
De onde vem a inspiração de um artista? Como é o processo de concepção de uma obra? Qual o limite entre as referências e originalidade artística? Claro que cada artista tem uma experiência particular. Para o desenhista industrial Anderson Goes Monteiro, as referências podem ser muitas e diversas, mas delas surgem novas ideias, conceitos e estilos, por isso ele acredita que, em se tratando de arte, “tudo pode ser novo de novo”.
Nascido no Rio de Janeiro, Anderson cursou design no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, mas seu inicio no mundo das artes foi quando ele tinha apenas 10 anos de idade, matriculado pela mãe na Escola de Belas Augusto Esteves, em Guarulhos (SP). Hoje, casado com Lisa Cláudia K. Ghobrial, e pai de duas garotas: Nicole (15) e Gabriela (13), Anderson vive em São Paulo e desenvolve vários trabalhos de design, direção de arte, ilustrações e artes plásticas. São dele as ilustrações do topo do nosso boletim Últimas, do mês de março, com referência à nossa campanha editorial “Aconteceu Comigo – Meu Encontro com Jesus”.
Confira abaixo entrevista que Anderson concedeu ao blog da Ultimato:
De onde vem a inspiração para a sua arte? Suas obras surgem daquele “click” instantâneo [se isto existe], ou vêm de um processo criativo gradual, pesquisando e buscando outras referências?
Minha inspiração surge de conversas, músicas, leituras, poesias, sonhos, imagens, vivências, cotidiano, referências de artistas como Vincent Van Gogh, Dali e outros contemporâneos, mais atuais!
No best seller “Roube Como um Artista”, o autor Austin Kleon argumenta que “todo trabalho criativo é construído sobre o que veio antes. Nada é totalmente original”. Você concorda com esta afirmação? Qual é o limite entre as “referências” de artista e a originalidade?
Entendo que de muitas referências é que extraímos elementos, e surgem novas ideias, conceitos, estilos! Acredito que tudo pode ser novo de novo, ai já ouso traçar paralelos com a visão de reino. O termo “roubar” eu transformo em compartilhar, e disso nascem variações ou mesmo algo muito novo e legítimo.
“O meu teto será o chão de quem virá após mim!”. Aproveito e faço uso desse pensamento não apenas na arte ou no buscar referências, mas também em todos lugares, dos quais somos parte. Não existem rupturas, quebras, pausas. Em cada história tudo e todos que ali passaram ou ali estão, contribuíram, contribuem e contribuirão para o que virá!
Assim é com arte, assim é com a vida, não é copia, mas sim o background de referências, exemplos e tudo aquilo que já foi dito pintado, cantado, falado e realizado!
“Seria insensatez descartarmos aquilo já mostrou o quão genial ou importante foi e ainda hoje consegue ser impresso nos gestos dos novos artistas, dos novos homens e mulheres!”.
Quando você faz uma obra sob encomenda é diferente de quando você cria/pinta/ilustra algo sem que lhe tenham pedido? O que é diferente?
Entendo que cada obra tem a sua história e é única, exclusiva, mesmo que derive do tema variações… A obra sempre será única, vívida e legítima! Mesmo quando tenho um tema, a obra ganha vida e busca pinceladas, cores e texturas únicas que jamais se repetirão!
Uma arte sem tema solicitado, geralmente pode ser mais visceral! Mas isso não é uma regra, pois já elaborei obras temáticas que foram tão mais vívidas do que obras que surgiram do subconsciente. Não existe uma regra, mas para o artista existe sim: “O dia, a mão, a inspiração!”.
Que tipos de material você costuma usar na elaboração da sua arte?
Eu trabalho muito com tinta Acrílica pura, Canetas Poscas e Mollotow’s (street art), Ecoline, Aquarela, Nanquim, Marcadores de design e pinceis japoneses! As superfícies onde emprego as minhas obras geralmente são: painéis, telas, paredes indoor e externas – muralismo/grafite. Faço uso de papéis como canson, westerprint, conté, crayon, vergê alemão levemente craquelado, sulfite de alta gramatura, algumas vezes uso papeis importados. Utilizo também superfícies de refugo, recicláveis que recebem a arte dando a vertente da conscientização e sobre uso e consumo dos materiais, e com isso vem atribuição e valores agregados a obra!
Quais projetos você desenvolve atualmente?
Além dos diversos trabalhos de design, que venho exercendo desde minha formação, atualmente estou com três artes diferentes para elaborar nesses próximos dois meses! Duas Arte Indoor: a primeira é uma arte personalizada que mostrará a história da família e ficará em uma das paredes da sala da casa, na residência de um cliente! E a outra é uma encomenda de Street Art na parede de uma agência de publicidade em São Paulo. Também estou na etapa de orçamento de aprovação de um projeto de Cenografia e Artes para um filme longa metragem.
Qual ilustração é sua preferida e por quê?
Eu não tenho uma ilustração preferida e é muito complicado para o artista falar da sua própria arte e de suas preferidas! Cada uma tem um contexto, um momento!
Claro que existem as meninas dos olhos tais como uma de nanquim que fiz Jesus com os braços abertos e nas suas mãos as marcas das cravas! Tenho também um apreço por uma arte que fiz na casa de um cliente que é uma Samurai Bidimensional de 2 metros de altura por 2,5 de largura. Nessa arte experimentei um novo caminho no estilo StreetArt… Mas existem tantas obras que gosto. Comigo ocorre um processo de que gosto por um tempo de uma determinada arte minha ou de outros autores, e depois preciso ficar um tempo sem observá-las!
Nada pode ser intenso o tempo todo, o ser humano não suportaria seria enfadonho! O mesmo com o olhar, admirar uma obra! Ela está ali, mas não para ser olhada todos os dias, mas sim, em momentos inusitados que você se depara com a obra e a contempla com sinceridade e das mais variadas formas!
“Toda Glória ao Maior Artista: o Criador!”
*****
Confira na galeria um pouco da arte do Anderson. O encontro ao redor da mesa, o encontro com o Nazareno montado no jumentinho, o encontro na Trindade, são alguns dos temas retratados nas obras.
André Cóssio
Anderson é um artista de alma e coração, suas pinturas, desenhos e telas são um verdadeiro acalmar e despertar da alma, convidando você para ir até outra dimensão da arte!
Tenho uma tela by Anderson Monteiro, fica na entrada da casa, e todos que passam por ela ficam pelo menos alguns minutos vislumbrando e encantados com sua arte.