Ultimato na ditadura
Dezenas e dezenas de páginas antigas da revista Ultimato tomaram conta da mesa de trabalho do doutorando em História Adroaldo Almeida. Mais especificamente, as edições da revista publicadas entre os anos de 1968 (início da revista) e 1986, período que cobre a ditadura civil-militar no Brasil.
Não se trata de um hobby ou coisa de colecionador. Adroaldo tem um objetivo acadêmico: buscar informações para sua tese de doutorado sobre evangélicos e ditadura no Brasil. Durante quase 10 dias (30 de outubro a 08 de novembro de 2013), o acadêmico esteve na sede da editora em Viçosa (MG) e se hospedou no Centro Evangélico de Missões, que fica ao lado da Ultimato.
Neste período, digitalizou todas as edições da revista do referido período, criando assim um acervo digital que o permitirá ler minuciosamente os artigos produzidos ao longo de quase 20 anos e compreender as posições assumidas pela revista e seus articulistas e colaboradores ao longo do período ditatorial no Brasil.
“Não se trata de forma alguma de um ajuizamento sobre as posturas que a revista Ultimato teve durante a ditadura civil-militar no país, mas, em compreender como, através dela, posições evangélicas foram assumidas ao longo desse período, quais discussões foram privilegiadas pela revista, enfim, como a Ultimato intermediou o diálogo entre seus leitores e os movimentos políticos e sociais no Brasil entre 1968 e 1986″, explica Adroaldo.
Além da revista Ultimato, Adroaldo também tem pesquisado outros periódicos: O Estandarte (da Igreja Presbiteriana Independente) e o Mensageiro da Paz (da Assembleia de Deus).
A tese de Adroaldo será defendida no programa de pós-graduação do Departamento de História da UFF (Universidade Federal Fluminense) até 2015.