Especial Lausanne III – Assim que nosso grupo chegou ao salão do restaurante, todos imediatamente se puseram de pé. Eles eram treze pessoas e nós, vinte, dentre os 90 brasileiros que estavam na Cidade do Cabo para participar do Congresso Lausanne 3. Nos cumprimentos o gestual típico de pessoas do Oriente. Além do aperto de mão, aquela inclinação respeitosa. Eram irmãos e irmãs de igrejas evangélicas de um país onde o governo ainda hostiliza os cristãos. Por isso não tiramos fotos e também não vamos mencionar o nome do país.

A origem desse encontro é interessante, porque é uma dessas coisas que Deus faz, usando seus servos e servas. Esse pequeno grupo desse pequeno país desde logo queria pôr-se em contato com brasileiros. Eles têm ouvido falar do crescimento dos evangélicos no Brasil e também sabem sobre como temos enviado missionários pelo mundo. Além disso, uma aproximação com brasileiros e o Brasil evitaria possíveis reações que o governo deles teria em relação aos Estados Unidos, por exemplo. Pois bem, um co-patriota deles, que vive como imigrante e empresário no Ocidente, fez contato com um brasileiro diretor de uma conhecida escola de missões nos Estados Unidos. E esta foi a ponte para o encontro.

Esse irmão empresário resolveu pagar um jantar, para que comêssemos juntos, nos conhecêssemos, conversássemos e, quem sabe, daí surgisse possibilidades de parcerias. Sentei bem de frente a um pastor presbiteriano, sem que o soubesse a princípio. Ele usava um nome ocidental, Jeremias. Contou a mim e a outros que estavam perto sobre os dois anos que passou na prisão, por ser pastor. Agora já está livre há seis anos e continua seu ministério pastoral e de líder denominacional. Contou sobre a proibição de haver templos evangélicos. Nas cidades maiores eles podem se reunir nos lares com até 100 pessoas. Nas aldeias, até 20, para não chamar muito a atenção. Quando querem fazer reuniões maiores, para adorar a Deus e orar, vão para as matas.

Com tamanhas restrições ao cristianismo naquele país, perguntei o que ia acontecer quando eles voltassem a sua terra. Ele nos contou que só saberiam quando voltassem. Mas que por certo só iam ser liberados para voltar para suas casas e suas famílias depois de passarem por uma longa sabatina, de 3 a 4 horas, para responder a muitas perguntas, do tipo: Onde foram? Quem encontraram? O que fizeram? Um dos brasileiros deu a ele um DVD que apresenta um ministério de evangelização e cuidado dos ribeirinhos da Amazônia. Perguntei-lhe se poderia entrar com o DVD. Disse que agentes do governo o assistiriam para avaliar se poderia ficar em seu poder.

Eles precisam, mais do que tudo, de nossas orações. Junto com nossas orações virá nosso amor e interesse por eles. Precisam de missionários. Querem enviar jovens para fazer seminário no Brasil, pois têm carência de pastores preparados com conhecimento bíblico e teológico.

Aquele dia foi o dia de folga do Congresso. Mas aquela noite foi, sem dúvida, a noite mais inquietante da programação do Congresso para mim. Espero que esta história inquiete também o seu coração e você atenda comigo o apelo que está registrado no chapeuzinho de palha em forma de cone que ganhei e trouxe comigo da África: “ore por nosso país”.

Enviado por Wilson Costa

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