FMI, crise econômica e outras histórias
Olá pessoal,
Para variar, meu sumiço de duas semanas aconteceu por conta do final de semestre no mestrado. EUAvisei que seria difícil passar por aqui toda semana, e realmente tem sido. Mas prometo não mais vos deixar órfãos das minhas palavras assim por tanto tempo.
Conversas fiadas à parte, na semana passada tive um encontro no FMI (Fundo Monetário Internacional) com um dos diretores executivos da instituição, Patrick Cirillo. A temática, como não poderia deixar de ser, foi a atual crise econômica e seus impactos em países periféricos. Dito em bom português, Cirillo explicou a crise mais ou menos como fez o jornalista do UOL Tabloide, de 05/03/2009, que comparou o atual momento econômico com o jogo “Banco Imobiliário”.
Quem cresceu brincando com esse joguinho entende bem os tais “subprimes” ou títulos podres da economia. "No jogo, uma das primeiras regras que você aprende é que, se você quer ganhar, tem de gastar o que tem e o que não tem comprando as cartelinhas que vão render aluguéis de casas e hotéis (mesmo que não tenha nenhum dinheiro). O negócio é empurrar as dívidas com a barriga, até passar no ponto de partida e ganhar 200. Se não tiver como pagar, hipoteque. Se um colega generoso resolver emprestar a juros ou sem juros, compre também e amplie sua dívida. Depois esse mesmo colega vai ter de lhe pagar de volta e você vai ser implacável na cobrança!", afirmou o editor do UOL Tabloide.
Não dá pra saber ao certo se o jogo imitou a vida ou o contrário. No final das contas, quem sai perdendo são sempre os que estão a margem de tais jogatinas. Saí do encontro com uma impressão mais forte ainda de algo que venho repetindo há algum tempo: nossa responsabilidade de responder às demandas decorrentes do curso socioeconômico em que vivemos. Nas conferências e seminários sobre direitos humanos que tenho participado o que mais escuto é que “direitos humanos” dizem respeito à forma como o Estado cuida de sua população. Eu sinceramente acredito que direitos humanos, principalmente para nós cristãos, dizem respeito à forma como vamos responder quando o Estado bancar uma de jogador de “Banco Imobiliário” e falhar na missão de cuidar de seu povo.
Nem o FMI, nem o Banco Mundial, nem a maquininha do governo americano de fazer trilhões de dólares têm condições de construir uma trilha de justiça social neste jogo da vida. A globalização é um fenômeno centrípeto para a acumulação da riqueza e centrífugo para a disseminação da miséria ao redor do mundo. Por isso mesmo, não dá apenas para cruzar os braços e esperar. É nossa responsabilidade também. “Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas” (Carlos Drummond de Andrade, em Mãos dadas).
Tábata Mori
Olá Áquila,
gostei do texto, mas discordo. Acho que direitos humanos para nós cristãos diz respeito à forma como vamos responder às pessoas com ou sem a presença do Estado.
Jesus disse que ajudássemos os necessitados, não que os enviássemos à fila do INSS. Eu acredito na intervenção do Estado, mas eu acredito ainda mais na intervenção das pessoas.