É proibido fumar. Pelo menos é o que dizem os muitos avisos em ônibus, restaurantes, cinemas… Mas o que era um “raro prazer” não parece acabado. Os números do jornal The Economist são impressionantes. Nos EUA, no final dos anos 90, o cigarro matou mais do que a aids, acidentes de carro, álcool, assassinatos, suicídios, drogas ilegais e incêndios, juntos. São mais de 400 mil mortes por ano, 160 mil de câncer de pulmão. Vale a pena ler a matéria completa publicada no Brasil pelo jornal Valoronline. A história do cigarro nos EUA é assustadora. Escrita por Allan Brandt, de Harvard, em “The Cigarette Century”, (Basic Books), começa com a máquina de enrolar cigarros, em 1881, passando pela época em que os velhos “reclames” diziam: “Mais médicos fumam Camel…”, até o acordo entre a indústria do tabaco e os Estados norte-americanos no valor de 246 bilhões de dólares. Em troca, claro, os estados abandonaram as reivindicações contra a indústria e torcem para que ela fature ainda mais e o diabo os livre da inadimplência. Daí o sugestivo título da matéria: “O diabo aceita dançar, mas escolhe a música”. (Para os cinéfilos, uma dica que combina com a matéria, mas não com a indústria do tabaco: “O Informante”, com Al Pacino.)Por falar em diabo, em Um Ano com C. S. Lewis – leituras diárias de suas obras clássicas, o autor, quando assume o papel de aprendiz do coisa-ruim, tem a fórmula certa para a distorção do prazer: “Uma dose considerável a mais de desejo, em troca de um prazer cada vez menor”. […] “Encorajar os seres humanos a, vez ou outra, experimentar os prazeres que o Inimigo [Deus] criou de formas ou em intensidades que ele tenha proibido” e “afastar as condições naturais de qualquer prazer em direção àquele que seja o menos natural, o menos bem cheiroso ao seu Inventor [Deus] e o menos prazeroso possível”. Enfim, o aprendiz arremata: “Comprar a alma do homem em troco de nada é tudo que pode de fato contentar o coração de Nosso Pai [o diabo].

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