Há muitas atitudes fundamentais para a felicidade humana. Duas delas fundamentam nossa saúde emocional e espiritual; nosso equilíbrio mental e espiritual, nossa paz. Essas atitudes são a gratidão e o perdão quando, energizados pelo querer profundo, deságuam em ações de graças ou busca de reconciliação.

Tão importantes são essas duas “molas propulsoras” em nossas vidas que, em geral, se tornam focos de contínua luta espiritual. Nessa condição, hão de contar com empecilhos por parte do inimigo, que criará, por exemplo, a “moda da gratidão”, para que todos queiram usar imagens bonitas, frases fofas ou emojis para grupos virtuais; tudo para que a gratidão, em si, nunca precise ser exercitada.

Para tudo, “gratidão!” com imagens fofinhas e rostinhos angelicais. Mas o ato de transformar em palavras o entendimento de que alguém fez algo por nós; algo que não poderíamos fazer ou comprar, isso já é mais difícil, porque exige um “obrigado” emocionalmente significativo. Feliz é a pessoa que consegue olhar nos olhos de alguém e dizer: “muito obrigado, porque você…”.

A busca do perdão, por seu lado, tem sido disfarçada por mecanismos suavizantes, tais como o envio de um presente, um cartão escrito: “foi mal”, um emoji “desculpe” etc., o que, claro, tem o seu valor, porque já revela a atitude. Entretanto, há um pedido de perdão que vem lá do fundo; vem dos nossos ossos secos. Necessitamos dele. E adoecemos por sua falta.

Essa premência nasce de uma transformação ocorrida em nossa consciência. Enxergamos nosso erro, injustiça, dívida — nosso pecado, enfim. E essa repentina luz nos leva ao arrependimento, que é a materialização no coração do dom misterioso da contrição, em nós implantado pelo Criador.

O poder da contrição é tal que já não nos deixa ser inteiramente felizes. Ali está, como fogo de palha, pronto a nos dizer que nem tudo está bem. E fica ali, como uma pedra no sapato, até que tenhamos obtido a graça e a paz do perdão.

Sim, gratidão e perdão são molas propulsoras da vida. E têm sido banalizadas por nossa sociedade, de modo que não percebamos mais quando adoecemos por falta da sua dinâmica virtuosa em nossas vidas.

            Bem-aventurado é aquele que distingue com clareza as graças recebidas; e que, grato, agradece. Bem-aventurado é aquele que olha para dentro, percebe e deplora o seu pecado; e que suplica perdão. Bem-aventurado é aquele que encontra no Espírito o poder para realizar o que lateja em sua alma.

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