Eu nasci quatro anos antes do Steve Jobs. Quando ele lançou seu primeiro Macintosh, eu estava trabalhando na Embrater, em Brasília, chefiando uma unidade de produção de material audiovisual para extensionistas rurais, produzindo um jornalzinho nacional e chefiando uma gráfica. Em 1984, quando Jobs lançou seu primeiro Mac, eu estava fazendo concurso para o Senado.  Um concurso truncado por ações judiciais, que durou dois anos, 83 e 84.

Em fevereiro de 1985, tomei posse no Senado, e notei que o futuro de um escritor passava por um editor de textos, por um computador. Eu havia aprendido isso com o Homero Reis. Quando fomos editar o livro “Ação Política: uma dimensão do reino de Deus”, do GEAP, fizemos toda a edição num TK 2000, do Homero. Que maravilha! A gente ia editando, corrigindo, inserindo, sem precisar apagar com corretivo, começar de novo etc.). Mas eu havia fugido da matemática como o diabo da cruz, desde o ginásio e o computador do Homero me intimidou; eu não saberia operar um daqueles, se o tivesse. Meus primeiros trabalhos no Senado eu escrevi em uma IBM esfera.

No ano seguinte, 86, vi uma propaganda do Mappin, de SP, no jornal: “Macintosh, o computador a prova de idiotas”. Era o lançamento do Mac Unitron, uma empresa paulista que havia feito engenharia reversa do Mac 128, com a confusa anuência da SEI. E eu pensei: é disso que eu preciso. Peguei todo o meu FGTS (o equivalente a 5 mil dólares) e fui a SP e comprei o Mac 512, com uma Rima XT 180 customizada, como impressora (que imprimia várias fontes de alta resolução com espacejamento proporcional, itálico, negrito, sublinhado em qualquer tamanho, do corpo 4 ao 72). Ele tinha tela de fósforo branco, de 9″ (WYSIWYG), 512 KB de RAM, drive de disquete de 3 1/2″, de 720K, e portas RS 232 (sim, seriais, num mundo de paralelas) com conectores de 9 e 16 pinos. Não tinha HD, mas eu comprei uma unidade externa de disquete. Assim, num disco eu inseria o sistema operacional (chamado System 1.0) e no outro, o disco com o programa que ia usar. E o bichim ia lendo um e outro, sem que eu precisasse fazer “swap de disco”. Junto com o Mac vieram os seguintes programas: o MS Works 1.0; o PageMaker 1.0; o Excel 1.0; o Painter 1.0; o PowerPoint 1.0 e o MS Word 2.0. Tudo rodando bonitinho. Mas era só isso. Novos programas, só nos Estados Unidos. E eram proibidos no Brasil. A SEI prendia e confiscava. Dava cadeia.

Assim começou minha vida na informática, já seguidor do Steve Jobs e do Macintosh. Como podem ver pela foto, também dos meus filhos.

 

Quando o Senado sentiu que era hora de evoluir dos seus grandes computadores para “processamento distribuído”, com micros em cada local de trabalho, eu já tinha o meu Mac há mais de três anos. Já assinava as revistas MacWorld e MacUser, e fazia todos os textos do meu trabalho de consultor nele. Havia feito uma pós-graduação em informática, na Católica de Brasília, mas com proveito mais visível para Análise de Sistemas Corporativos. Ou seja, fiquei mais como bom usuário/planejador, e nunca consegui programar bem (embora tenha deixado dois sistemas funcionando no Senado; são usados ainda hoje).

Em 1991, tendo me destacado como “usuário” dos serviços do Prodasen,  fui convidado para ser seu diretor de informática. A ideia era ter um usuário ajudando o órgão a compreender as necessidades de informação dos usuários do Senado. Hoje, a área seria algo como de Tecnologia da Informação. Uma área mais estratégica e menos “escovadora de bits”. Fiquei lá até 95.

Hoje lamento a morte do Steve Jobs. Escrevo de um iMac 27, Intel QuadCore i7, 2,93GHz, 8GB/1TB. São 30 anos de Mac. É mole?

Guardei esse vídeo para vocês. Coloquei-o no iutube:

http://www.youtube.com/watch?v=qSCWD31lpL8

 

  1. Valeu Rubão.
    Foram anos em que vc. ficou invicto como único usuário Mac que a gente conhecia. Todo mundo era PC. Depois foram surgindo outros, ajudados e até liderados por vc. Hoje todo mundo tem um note Mac, quem diria. Nas classes e no púlpito da IPP, um de seus lares, só dá prateadinhos com maçãzinhas mordias.

  2. Graça e Paz Amorese,
    Fiquei feliz em ler essa sua linda história de vida. Na verdade nos conhecemos pouco, mas sempre nutri por vc admiração pela sua forma meiga e simples de tratar as pessoas, parece até que vc ouviu uma máxima de minha velinha genitora (90 aninhos-Fortaleza-Ce): ” trate bem sem olhar a quem”. Nos conhecemos em reuniões do GEAP. Eu ovelha do Pr Erisval Moura – ICEB 709Norte. Também participava o Wasny de Roure (meu irmão/amigo). No Senado nos encontramos como Economista requisitado, trabalhando na Consituinte e Comissão Mista de Orçamneto do CN, quando me tornei parceiro e amigo do Fco Braga (SJ Del Rei). Era técnico de OGU pela FVG. Fiquei no CN 1985/1995! Hoje pretendo escrever alguma coisa sobre orçamento x cidadania. Resido na RM Recife, com 4 dos 5 filhos etenho onze netos, meu grande patrimônio abençoado por Deus! Vindo aqui procure-me, sera um prazer. Tel (81)3469.1279 e 9680.1120 (Tim)

    • Oi, Jaconias:
      Parece que somos aquilo que o Nelson Rodrigues chamava de “estranhos íntimos”, não? Fico feliz só em ouvir suas referências. Estivemos perto um do outro nos saudosos tempos do GEAP (grande Euler!).Agora, você cheio de netinhos. Que maravilha. Deus o abençoe, irmão. Obrigado pelo contato. 🙂

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