o último domingo, o Rev. Ricardo fez uma meditação sobre aquela passagem do Sermão da Montanha que fala sobre o tesouro e o coração (Mt 6:19-24). Ricardo diz ser fascinado pela forma como Jesus se preocupava com o nosso coração; isso fica bem evidente nos versos 25 em diante, quando Jesus fala sobre corações ansiosos e preocupados. Sinais de que os “movimentos do coração” estão desalinhados com a fé de que Deus cuida de nós, mais do que cuida dos lírios do campo e das aves do céu.

Em seguida, o pregador diz que esse coração pode se tornar ansioso por causa de três movimentos equivocados do coração, descritos no parágrafo anterior. São eles: a eleição dos seus tesouros, aquilo que os olhos buscam para olhar (visão) e os senhores a quem eles servem (você pode ouvir este sermão no site da IPP).

Meditando sobre o sermão, lembrei-me de ter ouvido o pastor falar sobre construções que fazemos em torno das realidades que nosso coração tem por tesouros. De fato, não somente nosso coração se apega aos seus tesouros como também constrói sua casa sobre eles e em torno deles. Parece que toda a nossa vida passa a gravitar em torno dessas coisas importantes. É como se a nossa vida, regida pelo coração, entrasse na órbita dos nossos tesouros. Então, a partir da órbita estabelecida, ajustam-se os nossos olhares e os nossos senhores.

Nossos olhos passam a enxergar, seletivamente, aquilo que lhes interessa, aquilo que lhes é valioso, importante, desejável. O coração passa a lançar longos olhares (olhares de desejo e anelo) para tesouros ainda não “adquiridos” ou a lamentar tesouros “perdidos”. Não é incomum a dor de perder tesouros que nunca tivemos. Sim, é o caso da pessoa que fica doente porque errou o número da loteria por  apenas um algarismo. Ela chora um prêmio que “perdeu” ou que “quase ganhou”. Melhor nem falar de bolsa de valores.

Essa meditação me conduziu, também, ao texto correlato de Lucas, onde o ensino de Jesus fica ainda mais dramático. Veja:

O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6:45).

Sim, os tesouros têm direta influência sobre nosso comportamento. E também sobre nossa linguagem, nossos assuntos e nossa forma de nos expressar.

Isso quer dizer que o mau tesouro do coração pode ser fonte de ruína; capaz de arruinar a nossa vida e de todos à nossa volta. Ao se fixar nas coisas que são importantes àquele coração; a “boca” construirá relações inevitavelmente coerentes com aquilo que consegue ver e sempre em submissão aos senhores a quem serve. Ai, que triste destino!

Irmãos, “como, então, viveremos?” A resposta está no próprio texto. Precisamos de um coração novo, que busque e acumule os “tesouros do céu”; aquele que ladrão não rouba, traça não rói e ferrugem não corrói.

E como saber quais são os meus tesouros? Observe seus “olhos”. Repare no que eles buscam e apreciam. Preste atenção às “vitrines da vida” diante das quais eles mais se detêm. E se ficar chocado(a) com o resultado da pesquisa, saiba que, em Jesus, você pode mudar de tesouros, de olhos e de senhores. Pode começar por qualquer um desses: mudando de senhor, você mudará os olhos e o coração; mudando de olhos, você mudará seus senhores e o coração; e mudando o coração, você ajustará os outros dois. O importante é que essas coisas não se fazem apenas com força de vontade; fazem-se de joelhos. De joelhos, você atenderá ao convite de Jesus: “filho meu, dá-me o teu coração”.

 

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