Vivemos a era dos especialistas. Com o crescimento do conhecimento, desapareceram aqueles sábios que dominavam todo o conhecimento. A ciência se multiplicou e os especialistas se aprofundam em fragmentos. Acho que não pode ser diferente. Não é possível saber tudo no mundo pós-moderno.

Quando algum problema foge ao nosso conhecimento, recorremos aos especialistas. Mas quando estes chegam ao poder, tendem a querer gerir a coisa pública a partir de sua área de concentração. É o caso dos nossos ministros de estado. Do nosso governo, em geral. Muitos não resistem à tentação de impor sua perspectiva à sociedade, tentando recriá-la à sua imagem.

A revista Cristianismo Hoje (edição 8, ano II, p. 10) nos conta que o pastor americano Barry Barnett Jr. pode ser preso por dar duas palmadas em seu filho de 12 anos. Ele foi denunciado por assistentes sociais da escola do garoto, apesar dos protestos do próprio menino, que confessava ter desobedecido. Pai de outros oito filhos, Barry só foi liberado após pagar uma fiança de 10 mil dólares, e está sendo processado por abuso físico contra menor. Pode pegar até três anos de cadeia e, como medida liminar, está impedido de impor qualquer disciplina aos filhos.

No dia da audiência, uma de suas filhas, de 21 anos, ficou do lado de fora do tribunal, com um cartaz que dizia: “obrigada, papai, por me disciplinar”.

Pobre Barry! Encontrou especialistas pela frente. Numa área que supunha conhecer bem: a criação de filhos. Bateu de frente com alguém que “sabe como ele deve educar uma criança”. Aliás, tenho a impressão de que temos muitos desses por estas bandas. Gente que é capaz de dizer ao governo da Itália, por exemplo, que eles não sabem distinguir entre um assassino e um ativista político.

Temos visto reportagens sobre jovens que jogam álcool e ateiam fogo em índios e mendigos; outros matam crianças a golpes de caratê; outros ainda, abatem a tiros professores, em plena sala de aula. Interessante: a maioria jovens de classe média.

Eu ousaria dizer: filhos de especialistas.

Tornou-se lugar-comum perguntar, nesses momentos, pela família. Como que a dizer que essa loucura toda, sem causa aparente, só pode ser falta de família.

Acho que a pergunta faz sentido. Sem uma família estruturada, a mocidade sofre da síndrome do escorpião: quando a esperança se vai, resta-lhe dar picadas mortais em quem está à sua volta, e depois em si mesma. “É a vida”.

Eu gostaria de saber como são as famílias daqueles assistentes sociais que denunciaram o pastor Barnett. Melhor, eu gostaria de saber como são as finanças pessoais dos nossos ministros da área econômica, ou como são as relações familiares dos nossos psicólogos e sociólogos de plantão. Eu gostaria de saber como é, como pai, o nosso presidente.

Quando não nos deixarem mais educar nossos filhos de acordo com a Palavra de Deus, estarão gestando uma horda de delinquentes. Os nossos filhos acabarão por se parecer com os deles, apesar de sabermos que “a vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe” (PV 29:15).

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