A igreja.com

A IGREJA.COM

 

Texto Básico: João 17.1-23

Leitura Diária:
D Jo 17.1-23 – Intercessão poderosa
S Ef 4.1-16 – Comunhão necessária
T Fp 4.8,9 – Pensando bem
Q Mt 4.14-16 – Brilha, cristão!
Q 1Ts 5.20,21 – Olho aberto
S 1Co 12 – Equipados para amar
S 1Co 11.23-26 – Comunhão no Senhor

INTRODUÇÃO

Há uma crescente tendência no mundo de tornar as coisas virtuais. Isso tem trazido vantagens para as várias atividades do dia-a-dia, que são facilitadas, mas também traz novas dificuldades para essas atividades. Os relacionamentos pessoais, por exemplo, ganharam novas possibilidades de se conhecer pessoas de todo mundo, e, junto, a superficialidade desses relacionamentos. Hoje, praticamente tudo pode ser feito no universo virtual.

Neste ponto chegamos a um dilema: a igreja também deve entrar nessa “virtualização”? Seria biblicamente aceitável uma igreja virtual? Já existem igrejas funcionando pela Internet. As pessoas “vão” à igreja em suas salas de estar. Elas assistem o culto, cantam os louvores, ouvem o sermão, participam da santa ceia comendo pão e tomando vinho em casa, e até entregam o dízimo digitando o número do cartão de crédito. Que avaliação podemos fazer de tudo isso?

I. A IGREJA MULTIMÍDIA

Muito antes da igreja na Internet já existia a igreja na televisão. Ela ainda é mais popular do que a igreja na Internet, tendo em vista as dezenas de programas evangélicos em quase todos os canais – fora os canais com programação inteiramente evangélica. Além disto, com o crescimento da Internet, muitas igrejas já transmitem seus cultos através da Web. De fato, ninguém mais precisa ir à igreja para ouvir a pregação da Palavra de Deus. Será que a igreja ainda é necessária?

Para muitas pessoas, a mídia tem sido uma grande possibilidade de divulgar o evangelho. Um programa de tevê, de rádio, uma coluna de jornal ou uma página de Internet bem construída podem ser excelentes instrumentos de evangelização e edificação. Mas aqui também é preciso fazer diferença. Como já dissemos, temos visto uma verdadeira invasão de programas e canais cristãos, mas o quanto esses programas têm colaborado para uma verdadeira divulgação da Palavra de Deus é algo questionável.

Há uma grande carência de programas cristãos sérios que transmitam a verdadeira Palavra de Deus. Infelizmente o que mais vemos são aproveitadores ocupando espaço para atrair multidões ou para conseguir mais colaboradores. Tudo isso só aumenta o repúdio do mundo em relação à igreja e torna os perdidos duas vezes mais filhos do inferno do que eles próprios já são (Mt 23.15). Se o único modo de manter um programa de televisão é imitando a prática errada desses, então é melhor não ter um programa.

 II. A FILOSOFIA DA INTERNET

O mesmo efeito que a televisão produziu nas pessoas a partir da década de 1950, a Internet tem produzido a partir do fim do século 20 e início do século 21. A tendência é que ela supere muito o impacto e a influência de todos os outros meios de comunicação em razão de sua característica totalmente virtual, instantânea e interativa.

A rede mundial de computadores traz grandes vantagens para as pessoas. As informações são em tempo real. Pode-se acessar desde bibliotecas a transações bancárias sem sair de casa. A Internet já é fonte primária e imprescindível de informações para muitos setores da economia e da sociedade. Mas como tudo o que o homem produz, os efeitos colaterais também são devastadores. Podemos falar em uma “cultura cibernética”, mas também no “lixo cibernético”, pois a Internet tem mudado com incrível rapidez os costumes, o estilo de vida e a própria visão de mundo das pessoas, especialmente das crianças e jovens, e mudado para pior.

O mundo virtual criado pela Web é um mundo essencialmente pós-moderno. A filosofia do “vale tudo”, do “não devo satisfação a ninguém” e do “relativismo moral” é a própria base do mundo da Internet. Quando analisamos as principais características do mundo virtual percebemos claramente por que ele faz tanto sucesso e está em estrita consonância com as expectativas das pessoas pós-modernas: possibilidades e anonimato. A primeira característica dele é o superficialismo. Os relacionamentos são superficiais e construídos sobre premissas falsas. Não há compromisso com a verdade, cada um se apresenta e se descreve como desejar. O tempo com a família e amigos é gasto com horas no mundo virtual.

Quanto ao conhecimento, a grande oferta também atrapalha. A rapidez com que o mesmo é despejado na rede não permite com que ele seja corretamente avaliado. As pessoas vivem a superficialidade das telas planas e o esforço do “control+c”, “control+v”.

Um outro aspecto atraente do mundo virtual é seu caráter explícito. Tudo o que é publicado está à disposição de todos. Antigamente as pessoas escreviam diários que eram mantidos em segredo; mas hoje publicam blogs para manifestarem suas experiências, pensamentos, sentimentos, angústias e até informações pessoais. É esse desejo de se expor que atrai os jovens de hoje. É uma forma de ficarem famosos, pois cada um pode ser a estrela principal – maquiada, evidentemente, para demonstrar apenas o que interessa.

Isto nos leva a um outro aspecto do mundo virtual que é justamente aquele relacionado a quem acessa as informações. Como saber quem estará vendo estas informações? O chamado voyeurismo é um fenômeno do mundo virtual. A tela do computador se torna uma espécie de “janela para o mundo”. Da sala de sua casa, uma pessoa vai acessando páginas após páginas, vendo tudo o que deseja, com a total certeza de que não está sendo visto. Isto cria uma sensação de poder e de se estar “acima do bem e do mal”.

Talvez o maior problema da Internet é que no fundo ela é “terra de ninguém”. Ladrões de contas bancárias, estupradores, pedófilos e todo tipo de delinqüentes e psicopatas navegam livremente na rede. A pornografia também recebeu um impulso fenomenal com a Web. Como impedir que crianças e adolescentes acessem material impróprio, se elas estão a um clique do mouse?

III. O CRISTÃO E O MUNDO

Diante disso, entendemos que a igreja jamais deverá ser a igreja da televisão ou a igreja da Internet. Nada substitui o relacionamento direto. Jesus instituiu sua igreja para que as pessoas se congregassem e se amassem. Quando não há o amor, a comunhão e a unidade não há missão, pois Jesus disse que o mundo creria nele quando visse o amor dos discípulos uns pelos  outros (Jo 17.21). Não há unidade, comunhão e amor quando as pessoas estão cada uma em sua casa na frente de um aparelho eletrônico. Há unidade quando andam juntas, corrigindo os relacionamentos, levando as cargas umas das outras e contribuindo para o crescimento mútuo (Ef 4.11-14).

A igreja pode usar a televisão e a Internet para transmitir sua mensagem. Jesus disse algo que é de grande importância para o entendimento do cristão sobre como ele deve se relacionar com o mundo: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.15-17). Jesus jamais defendeu uma postura de total afastamento do mundo, como os essênios, que viviam numa comunidade fechada, nas proximidades do Mar Morto, para evitar a contaminação com o mundo. Talvez Jesus tivesse esse grupo em mente quando disse aos seus discípulos que eles eram a luz do mundo e que não deveriam esconder essa luz (Mt 4.14-16).

O lugar do discípulo de Jesus é no mundo e sua função é influenciar para o bem, e não ser influenciado pelo mal. Por isso, Jesus orou para que, ao mesmo tempo em que os discípulos fossem mantidos no mundo, fossem guardados do mal. É interessante que, na seqüência, Jesus peça ao Pai que santifique os discípulos “na verdade”. É somente este relacionamento íntimo e profundo com a verdade, ou seja, o próprio Cristo (Jo 14.6), que dará ao cristão as condições de influenciar o mundo e de não ser influenciado por ele.

IV. MAIS ATIVOS, MENOS PASSIVOS

Em relação à mídia, os cristãos precisam ser menos passivos e mais ativos. Em vez de ficar sentados diante da televisão, vendo e ouvindo tudo o que ela exibe, os cristãos precisam se tornar ativos na crítica da programação. Se os cristãos desligassem a televisão para todos os programas que ferem a ética do Cristianismo, logo os canais mudariam sua programação, pois perderiam audiência e, conseqüentemente, contratos de publicidade. Mas quando os cristãos assistem programações inconvenientes, eles estão implicitamente dando seu apoio ao que estão assistindo.

Nem tudo o que a mídia transmite é ruim, mas o problema é que nem sempre é fácil identificar o que é correto. Por meio da Palavra de Deus podemos encontrar base suficiente para discernir o que é bom e o que não é. A Bíblia define o que é bom, perfeito e agradável (Rm 12.2; Fp 4.8). Resta-nos julgar o que está à nossa volta e reter o que é bom (1Ts 5.20,21).

CONCLUSÃO

Cristo disse que devemos ser o sal e a luz do mundo, e para isso é preciso estar no meio dele – sem se contaminar – mas se afastar dele é fugir da missão. O evangelho verdadeiro precisa ser mais divulgado pela mídia. Na verdade, os cristãos precisam ser mais ativos tanto no sentido de rechaçar tudo aquilo que é moralmente indecente e intelectualmente contrário ao Cristianismo, quanto no sentido de produzir programação saudável.

APLICAÇÃO

Poderíamos avaliar o que temos ouvido na TV e visto na Internet, usando exemplos e confrontando-os com a Palavra; então, poderíamos montar uma boa programação de TV e oferecer dicas de acesso na Internet.

Autor da lição: Leandro de Lima
Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Nossa Fé – A igreja e o mundo. Usado com permissão.

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