Semana 56: Lucas 14.25-35

Certa vez uma grande multidão estava acompanhando Jesus. Ele virou-se para eles e disse: — Quem quiser me acompanhar não pode ser meu seguidor se não me amar mais do que ama o seu pai, a sua mãe, a sua esposa, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs e até a si mesmo. Não pode ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhar. Se um de vocês quer construir uma torre, primeiro senta e calcula quanto vai custar, para ver se o dinheiro dá. Se não fizer isso, ele consegue colocar os alicerces, mas não pode terminar a construção. Aí todos os que virem o que aconteceu vão caçoar dele, dizendo: “Este homem começou a construir, mas não pôde terminar!” — Se um rei que tem dez mil soldados vai partir para combater outro que vem contra ele com vinte mil, ele senta primeiro e vê se está bastante forte para enfrentar o outro. Se não fizer isso, acabará precisando mandar mensageiros ao outro rei, enquanto este ainda estiver longe, para combinar condições de paz. Jesus terminou, dizendo: — Assim nenhum de vocês pode ser meu discípulo se não deixar tudo o que tem. — O sal é uma coisa útil; mas, se perde o gosto, deixa de ser sal. É jogado fora, pois não serve mais nem para a terra nem para o monte de esterco. Se vocês têm ouvidos para ouvirem, então ouçam.

Para ilustrar o seu desafio para assumir um discipulado radical, Jesus usou duas analogias, a da torre e a outra, do combate. O seu ponto era simples e patente. Ambas as comparações ilustram a necessidade de “calcular o preço” de qualquer compromisso de longo prazo, quer um compromisso com a guerra, quer com uma construção complexa. Não convém fazer estas coisas na mera empolgação. Pois corre o perigo de começar bem, e depois, descambar!

Se “espiritualizarmos” estas palavras, não perceberemos a sua devida força. Jesus não estava se referindo às “desavantagens” sociais de ser um cristão nos dias de hoje, ou do compromisso que se faz para ser um membro assíduo da igreja, embora seja possível refletir sobre as implicações das suas palavras para estas coisas.

Antes, é bom lembrar que Israel estava em estado de sítio debaixo do poderio do império romano que não hesitava em enviar seus exércitos para impôr a “paz”.  A analogia que Jesus fez do combate precisa levar em conta este pano de fundo.

E a torre? A construção de uma torre era um grande empreendimento. Naquela época, a maior empreendimento de construção era o templo que servia os interesses pessoais e políticos de Herodes e dos seus herdeiros. Por isso mesmo, era amplamente criticado pelos judeus piedosos da época e a referência de Jesus certamente ecoava este contexto. Jesus estava exortando os seus seguidores a avaliarem quê compromisso, então?

Jesus estava anunciando a inauguração de um outro governo (reino), e foi morto por causa disso mesmo. E este governo não era simplesmente interior e “invisível”. Não, era um governo, ou seja, um sistema de valores e por consequente, uma nova maneira de se relacionar, que confrontava os poderes atuais, tanto os governantes locais como Herodes (e mais adiante, o sumo sacerdote), quanto os governantes por trás destes, o próprio império romano. Era uma situação de guerra que colocou os valores de outra sorte preciosos, entre parênteses, como as lealdades à família e os alvos pessoais da vida.

Por isso, Jesus deixou, como o último desafio, a lembrança, que segui-lo, significava fazer uma diferença no nosso mundo (“ser sal”). De outra sorte, somos coniventes às injustiças que nos cercam (não serve nem para esterco).

Oração

Rei dos reis, comprometemo-nos com o teu governo e o seu estabelecimento entre nós. Em nome de Jesus. Amém.

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