De mãe para mãe
Semana 3: Lucas 1.41-42
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu na barriga dela. Então, cheia do poder do Espírito Santo, Isabel disse bem alto: — Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! (NTLH)
Não sou mãe. Nem mulher sou, portanto, só posso apreciar esta passagem na condição de homem. A perspectiva duma mulher muito me interessa, então, as irmãs que leêm isto, por favor, deem a sua contribuição.
Mas o que está acontecendo nesta passagem tão conhecida? Um pouco de pano de fundo irá ajudar…
Isabel era a prima bem mais velha que Maria (Lc 1.18). Maria era jovem de cerca de 12 anos. Sendo esposa de sacredote (Zacarias) Isabel era uma mulher tanto de status social quanto de certa condição financeira, diferente da sua prima, Maria. Dentro dos padrões culturais da época e da região, Isabel tinha tudo para esperar o reconhecimento da prima bem mais jovem e de status “inferior”. Entretanto, sendo uma mulher de fé e tendo acabado de receber uma revelação de Deus, tudo isso mudou a situação e Isabel, cheia do poder do Espírito Santo, elogiou e declarou bem dita em alta voz esta sua priminha. Aqui está uma valiosa lição para nós…
Sou capaz de homenagear alguém de condição “inferior” (digo, julgado assim pela nossa cultura), diante da manifestação de Deus na sua vida? Eu tenho quase certeza que você diria “sim” ou “claro que sim”. Mas tente lembrar de alguma ocasião que estava com um irmão ou irmãzinha de outra igreja, que não considerava tão boa ou tão bem-informada que a sua. Conseguia mesmo reconhecer as bênçãos de Deus na vida dele sem ter que dar algum indireito porque você achava que a sua tradição eclesiástica era melhor? Deu para entender? Sejamos humildes servos de Deus, seja qual for a nossa posição dentro do corpo de Cristo?
Oração
Grandioso Deus, que tão humildemente se revelou no ministério de Jesus e especialmente na cruz, aumente a nossa visão da sua grandeza que minimize a visão da nossa. Em Cristo Jesus. Amém.
Tim Carriker
Acabo de receber o seguinte comentário comovente da amiga, Jane, da equipe da Senadora Marina da Silva:
Tim,
maravilhosa sua reflexão.
Tive, por caminhos que Deus me indicou, a oportunidade de participar de lides diárias em Gabinete de Ministra de Estado e, nessa condição, tive também oportunidade de ir a reuniões no Palácio Alvorada. Depois, ainda porque a Deus aprouve, participei de uma campanha à Presidência da República no entorno da candidata.
São lugares que significam uma janela privilegiada para olhar a relação das pessoas com o poder institucional. Como antropóloga, leio os códigos que cifram essas relações, como ser humano me espanta a valorização torta (ver esses cargos como status e não como um lócus de serviço à população), como cristã peço a Deus a iluminação e o discernimento para mim e para todos para chegar a visão de Cristo sobre tudo isso.
A partir disso, vejo sua reflexão como uma importante peça para que nós, cristãos, ajustemos nossa taxonomia de pessoas pelo critério da localização social, que você coloca à luz dos critérios do céu. E aí, tudo clareia, se reordena e ganha a força da verdade. Que Deus abençoe seus miolos, sempre.
Abração,
Jane
Jane Maria Vilas Bôas
Equipe do Instituto Marina Silva