Semana 10: Jó 6.23-25
Será que pedi que me salvassem de um inimigo ou que me livrassem das mãos dos bandidos? Ensinem-me, que eu ficarei calado; mostrem os erros que cometi. Quem fala a verdade convence, mas a acusação de vocês não prova nada. (NTLH)
Reflexão
Hoje de manhã, quando fazia a minha caminhada, eu estava aborrecido. É que domingo à noite, durante a pregação, eu tinha feito um comentário, que alguém não gostou (falei que no Brasil e no ocidente de modo geral, a gente fica pensando muito sobre sexo). Entendo a necessidade do tato, mas lamento muito a proibição não dita no meio da igreja que impede a franqueza, mesmo quando choca ou agride. Lembrei disto quando voltei a minha leitura do Livro de Jó. Eu me impressionei como Jó era franco e transparente. Eu queria usar isto para justificar a liberdade que tomei no culto e dizer que o meu acusador estava tão errado, mesmo bem intencionado, quanto Elifaz… mas talvez isto não seja justo. De repente, eu poderia ter sido mais discreto na maneira que falei!
Mesmo assim, vale a observação como uma primeira lição: sem esmagar os outros, vamos procurar mais franqueza na nossa “espiritualidade”. Não seríamos assim, mais parecidos com Jesus?
Agora uma segunda lição: veja o que Jó falou nos versículos acima. Os amigos davam o seu conselho, um conselho não acertado e um conselho não pedido! Precisamos tomar muito cuidado quando queremos dar a nossa opinião quando ela não é procurada! Corremos o risco de dar um tiro pela culatra. Os amigos do Jó queriam “salvá-lo” mas Jó nunca se sentia perdido. Sua desgraça não era consequência de erros seus, mas de circunstâncias externas (mesmo provocados pelo diabo). Daí, ele dá uma lição para seus amigos: “…mostrem os erros que cometi. Quem fala a verdade convence, mas a acusação de vocês prova nada”.
Quantas vezes a gente dá conselho sem evidências da situação. (Tem gente que até recomenda remédios nesta base: “tome este, é muito bom”!). Eu me lembro da poda que recebi uma vez dum biblista inglês famoso que, depois de ler um trabalho meu para o doutorado, escreveu na margem: “faltam evidências”. Como a gente tem a mania de aconselhar os outros sem o mínimo de conhecimento das circunstâncias que contribuiram para a situação, sem evidências.
Pronto! Três lições: 1) falemos com franquesa e transparência — com boa dose de amor; 2) não demos conselho que não fosse pedido; e 3) pensemos antes de falar(!), isto é, não tiremos conclusões precipitadas e falemos com base em evidências.
Oração
Pai amado, livra-nos do complexo de curandeiro que queira “resolver” tudo facilmente. Abra os nossos ouvidos para ouvir mais, e também o nosso coração para nos compadecer, e a nossa mente para falar, quando pedido, e com base. Em nome de Jesus. Amém.