Igrejas do nordeste no combate à violência
A violência urbana gera dinheiro, audiência e votos. Ainda que as questões centrais em nosso país sejam a economia e a soberania nacional, certamente o tema da violência estará em evidência nas próximas eleições. Para a mídia, serve de cortina de fumaça para os interesses do grande capital. Ao mesmo tempo em que é uma realidade comum à maioria de nós, as propostas de superação são divergentes. Curiosamente, Direita e Esquerda apresentam propostas parecidas e, como temos percebido, ineficientes. Os estudos demonstram que o Estado precisa utilizar maior inteligência e possibilitar acesso à educação de qualidade.
Por mais que as igrejas queiram se isolar, se omitir, elas estão inseridas no mesmo contexto social. Seus membros, sobretudo da periferia, convivem com a violência. A superação da violência deve estar na pauta das igrejas ainda por sua confissão de fé – bem-aventurados/as aqueles/as que constroem a paz. Urge, portanto, maior envolvimento. Cremos que o Evangelho transforma. Se ele tem alcançado indivíduos (Censo 2010), as mudanças sociais são mínimas.
As igrejas devem ainda ocupar os espaços públicos, fundamentando seu discurso e prática à luz do Evangelho de Jesus de Nazaré e apropriando-se dos referenciais teóricos adequados ao tema da violência. Infelizmente, observamos que em muitos casos as igrejas apenas reproduzem um discurso superficial e oportunista para lidar com a complexidade que é a violência urbana. Tomemos, como exemplo, o argumento de revogar a Lei do Desarmamento: “É preciso armar o cidadão”. As pesquisas dizem exatamente o contrário. “Como era de se esperar, a arma de fogo continuou como personagem central na história da violência letal. Em 2015, mais de 42 mil pessoas foram mortas por essas armas, o que correspondeu a 71,9% do total de homicídios no país […] Conforme indicam as pesquisas científicas, a difusão das armas de fogo é um elemento crucial que faz aumentar os homicídios” (Atlas da Violência 2017, p. 58).
As armas matam e é preciso tirá-las de circulação. A articulação em redes para denunciar e exigir políticas públicas é um imperativo para ser socialmente relevante. A Igreja Metodista tem promovido encontros e palestras sobre violência. Porém, sozinhos/as não damos conta! Diaconia e Visão Mundial têm promovido em Fortaleza/CE encontros de sensibilização com líderes evangélicos e igrejas locais. Além disso, algumas lideranças cristãs têm participado do Fórum Popular de Segurança Pública do Ceará. No entanto, a participação e a articulação são pequenas. Nem por isso temos perdido a esperança.