Um mergulho Sateré-Mawé e as lembranças de Manaus
Por Marcos Almeida
Tomei banho nas águas de Maués. Mergulho nas lembranças. Vi um peixe fisgar o pescador. Verdade. Conheci a hospitalidade dos botos cor-de-rosa e suas acrobacias exuberantes. Segui olhando as margens dos rios intermináveis. Descansando nas bacias de espelhos que refletiam os cascos dos barcos. Assisti atento ao encontro das correntezas negras e marrons. Desvendei aromas, cheiros, perfumes, sabores, tons de tantos verdes e azuis. Céus que cantavam a glória eterna de Deus. Ecoavam às árvores o que Ele também nos deu, assim de forma mais extravagante: o conhecimento do Seu Eterno amor. Teu é tudo o que existe, Senhor!
Amanhece no centro da floresta. A matriarca da Aliança se aproxima, reverentemente e calmamente, me diz: “você vai fazer uma música pra eles”. Já estava pronta no coração. “Olho para os céus, de lá vem o meu socorro. Pai da Eternidade me mostra o que é o Amor. Amor perfeito e justo, que sempre me espera. Esse é o som, esse é o som, que rompe os céus: o Amor de Deus nos faz um, nos faz um com Ele”. Estávamos em dois mil e seis e a viagem que começo a relatar mudou minha vida para sempre!
De volta a cidade, caminho pelas ruas enquanto organizo as memórias. O ritmo grave da embarcação ainda marcava a cadência dos passos. Entro na Primeira Igreja Batista de Manaus. Enquanto o maestro Ezequias terminava uma aula, dedilho o piano centenário na outra sala. As melodias fluíam. Cantavam sozinhas e eu apenas seguia. “Estavam soltas como um pássaro no mundo”! Nascia a forma da canção aos Sateré-Mawé. Aquele sentimento mostrou-se impossível de ser capturado, nunca consegui gravá-lo. Parece música que só existe quando tocada agora. Revela-se exclusivamente quando estamos lá. Preciso voltar!
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Serviço:
Confira as datas da turnê de Marcos Almeida pelo Norte e Nordeste:
13/09 Salvador (BA) | 22/09 Manaus (AM) | 23/09 Belém (PA) | 24/09 São Luís (MA) | 29/09 Recife (PE) | 15/10 Fortaleza (CE)