Norte e Nordeste no Atlas da Violência 2017
Divulgado no último dia 5, o Atlas da Violência 2017, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), traz dados preocupantes sobre o crescimento da violência nas regiões norte e nordeste. O estudo analisa os números e as taxas de homicídio no país entre 2005 e 2015 e detalha os dados por regiões, Unidades da Federação e municípios com mais de 100 mil habitantes.
Entre as trinta cidades com maior taxa de homicídio em 2015, dezoito são da região Nordeste. A Bahia se destaca como o estado com mais cidades entre as mais violentas, com nove na lista. Outras quatro cidades são do Norte.
A cidade de Altamira (PA) lidera a lista dos municípios mais violentos, considerando a soma da taxa de homicídios e o número de Mortes Violentas com Causa Indeterminada (MVCI). A segunda maior soma foi registrada em Lauro de Freitas (BA), seguida por Nossa Senhora do Socorro (SE) e São José de Ribamar (MA).
Altamira, a cidade mais violenta do Brasil
A cidade de Altamira, no sudeste do Pará, é o município mais violento do Brasil – com a maior taxa de homicídios e mortes violentas com causas indeterminadas dentre todas as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.
Nos anos 2000, havia paz na pacata cidade às margens do rio Xingu. A rotina de calmaria, porém, foi terminando ao mesmo tempo em que era erguida a usina de Belo Monte. Desde o anúncio da obra, o município passou a viver uma explosão de violência que o fez ingressar na lista das cidades com maiores taxas de homicídios do país.
Com uma área de 159.533,255 quilômetros quadrados, Altamira é o maior município do Brasil: sua extensão supera o tamanho de 37 das 53 nações europeias. Mas, ao contrário dos países desenvolvidos, a cidade paraense tem apenas 46% dos habitantes com ensino fundamental completo.
Além disso, a cidade precisa lidar com as dificuldades da explosão populacional: incentivados por grandes projetos, como a construção da usina hidrelétrica Belo Monte, na vizinha Vitória do Xingu, Altamira viu sua população saltar de pouco mais de 77 mil habitantes no ano 2000 para os atuais 109.938 habitantes, segundo o censo realizado pelo IBGE em 2016.
De acordo com os pesquisadores do IPEA, este desordenado crescimento impulsionou a violência. A violência cresce à medida que “as transformações urbanas e sociais acontecem rapidamente e sem as devidas políticas públicas preventivas e de controle, não apenas no campo da segurança pública, mas também do ordenamento urbano e prevenção social”.
As diferenças entre a cidade mais violenta e a mais pacífica
O Ipea destacou as diferenças entre a cidade mais violenta do Brasil em 2015, Altamira (PA), e a mais pacífica, Jaraguá do Sul (SC), que possam explicar a diferença do cenário de violência em cada uma. Uma delas diz respeito à forma como se dá o crescimento das cidades. Altamira passou por um período de crescimento desordenado em meio à construção da Usina de Belo Monte.
Outro ponto destacado é a disparidade socioeconômica entre as cidades. Altamira tem maior densidade demográfica, menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) renda per capita correspondente a menos da metade de Jaraguá do Sul.
O Ipea também cita as diferenças nas condições do mercado de trabalho, geração de renda, desempenho econômico e politicas púbicas como fatores que explicam a disparidade dos índices de violência nas duas cidades.
Nota: Com informações de UOL e G1.