Aumenta índice de suicídio entre crianças e adolescentes indígenas
Em São Gabriel da Cachoeira (AM), o aumento foi de 33,3% em 10 anos. Em Tacuru (MS), o índice chegou a 100%
Os números que integram o relatório sobre Violência Letal contra crianças e adolescentes no Brasil, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, a Flacso, mostram que municípios do Amazonas e do Mato Grosso do Sul estão no topo da lista de suicídios entre crianças e adolescente indígenas. Em São Gabriel da Cachoeira(AM), a taxa de suicídios na década analisada foi de 33,3% na faixa etária de 10 a 19 anos. Em Tacuru(MS), o índice chegou a 100%.
Para a antropóloga Lúcia Helena Rangel, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e coordenadora do Relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil” do Conselho Indigenista Missionário, é preciso analisar contextos de cada local para apontar possíveis causas para os suicídios nessas populações. “Por um lado você tem essas situações de vida urbana, de racismo, de discriminação. E o outro é o contexto de violência”, cita Lúcia Helena.
O Relatório de violência contra indígenas 2014 apontou 135 casos de suicídio entre indígenas em diversas regiões do país, 90% entre jovens indígenas de 10 a 29 anos.
Na opinião de Julio Jacobo, autor do estudo da Flacso, o suicídio vem num ambiente de não aceitação, tanto nas cidades, quanto nas aldeias. “São crianças e jovens que estão entre dois mundos: Foram alfabetizados. Na cidade não são admitidos como cidadãos plenos, na cidade são índios e nas aldeias são citadinos. São imigrantes na cidade e imigrantes nas aldeias indígenas”, argumenta Julio Jacobo.
A pesquisa utilizou dados do Sistema de Informações de Mortalidade, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e analisou outros índices como homicídios e mortes por acidentes de trânsito entre crianças e adolescentes.