Como confrontar tradições prejudiciais para a saúde?
Alguns anos atrás, no norte de Gana, Kuungkaara, de 10 anos, e seus amigos estavam caçando ratos no mato. Ele colocou a mão num buraco e foi mordido. Achando que tivesse sido uma mordida de cobra, a família de Kuungkaara sacrificou galinhas aos seus deuses locais e embrulhou a mão e o braço do menino em folhas molhadas. Uma semana mais tarde, quando o encontrei, sua mão estava preta, e a gangrena já tinha quase chegado ao ombro. O braço teve que ser amputado, apesar de o médico achar que, na verdade, provavelmente tivesse sido apenas uma mordida de rato – as folhas sujas é que haviam causado a infecção. Agora, Kuungkaara come com a mão esquerda, portanto, ninguém quer comer da mesma tigela que ele, uma vez que a mão esquerda é reservada para a higiene das partes íntimas na cultura local.
Por que a família de Kuungkaara fez o que fez? Como podemos confrontar as tradições prejudiciais na nossa comunidade com os ensinamentos de Jesus e as práticas saudáveis?
Coisas ruins podem acontecer na nossa vida por causa de germes e acidentes ou por causa “do mundo, da carne e do diabo”. Assim, as pessoas tentam proteger a si próprias e às suas famílias – com sacrifícios de sangue e rituais, com alvejante, água e sabão, com seguros e pensões, “fazendo o bem” para ganhar a graça de Deus ou com orações e jejuns. Até mesmo os cristãos frequentemente têm dificuldade para saber que estratégias usar para evitar que as coisas ruins aconteçam.
Leia Mateus 15:10-20.
Enquanto cristãos, sabemos que já nos tornamos ritualmente puros pelo sacrifício de sangue de Jesus – é por isso que não precisamos mais fazer sacrifícios ou seguir rituais para a purificação. Além disso, Jesus ensinou-nos claramente que não é a impureza ou pureza externa que importa a Deus, mas a pureza do nosso coração.
Então, qual é a importância da higiene?
A higiene tem a ver com a forma como vivemos na Terra. Ela consiste primeiramente em nossa relação com toda a criação, pela qual devemos zelar (Gênesis 2:15). Porém, mais especificamente, a higiene consiste nas nossas relações com os outros na sociedade – ela faz parte da forma sensata de viver sobre a qual lemos em Provérbios. Assim, se entendermos que lavar os pés (João 13) ou as feridas (Lucas 10:34; Atos 16) é bom para nossa saúde e nossas relações, devemos fazê-lo por respeito aos outros.
Se eu for comer com alguém, lavo as mãos por respeito a essa pessoa. Se eu for dormir com minha esposa, lavo o corpo por respeito a ela. Se eu tiver uma doença ou viver com HIV, evito transmiti-lo aos outros. Em todos esses casos, não é suficiente ter fé em Deus para me proteger e proteger aos outros, se eu mesmo não tiver amor para me importar com eles.
Esta é a regra de ouro: “em tudo, façam aos outros o que vocês querem que lhes façam, pois esta é a Lei e os Profetas.” (Mateus 7:12).
E, claro, é uma questão de bom senso cuidar nem que seja apenas do meu corpo. “Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e cuida dele, como também Cristo faz com a igreja” (Efésios 5:29).
Todos nós queremos proteger nossos amigos, nossa família e a nós mesmos contra as coisas ruins que podem nos acontecer. Assim como foi dito aos israelitas que construíssem um parapeito ao redor do terraço de suas casas para evitar acidentes (Deuteronômio 22:8), e todos nós trancamos nossas casas para prevenir o roubo, também precisamos lavar as mãos para prevenir as doenças. Ao combatermos as coisas ruins dessa forma, honramos aos outros, assim como ao próprio Deus, fonte de todo o bem.
Cite cinco maneiras de mostrar amor e respeito pelos outros através da boa higiene:
*Estudo Bíblico extraído da revista Passo a Passo 97 sobre Higiene e Saneamento. Clique aqui para acessar a Revista.
• Andy Warren-Rothlin trabalha como Consultor de Tradução Bíblica para as Sociedades Bíblicas Unidas e Professor de Hebraico na Faculdade Teológica do Norte da Nigéria.