Vale a pena multiplicar!
No dia 31 de julho, divulgamos aqui no blog do Paralelo 10 o Projeto Amazônia 2015, que realiza viagens para comunidades do interior do Amazonas, no intuito de pregar o Evangelho e levar assistência física e social à população ribeirinha. A equipe foi, fez dezenas de atendimentos médicos e odontológicos nas comunidades, além de outras atividades, e voltou com boas histórias para contar. E por acreditar que iniciativas como esta precisam ser multiplicadas, compartilhamos agora o relato de um dos dias de atendimento, realizado durante a viagem do Projeto Amazônia 2015. Vale a pena ler!
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São Sebastião fica às margens do rio Juruá, onde moram 43 famílias e cerca de 190 pessoas. Diferente das comunidades visitadas nos dias anteriores, os moradores dessa localidade desempenham alguma atividade econômica. Eles atuam na produção de carvão usando métodos bastante primitivos e perigosos. Por meio de aterramento em espaços muito próximos às casas onde moram, realizam a queima da madeira. Trata-se de um trabalho insalubre que exige monitoramento por mais de 24 horas até que o carvão esteja no ponto. É comum a perda de todo material quando o ribeirinho é vencido pelo cansaço e cochila. Mais trágico ainda é o risco de incendiar as próprias casas. Isso já aconteceu com duas, inclusive. Uma delas foi a do líder comunitário, Benedito Rodrigues. Ele relatou que quando não se apaga totalmente, resíduos de carvão podem encontrar algum material orgânico subterrâneo e espalhar-se. No caso dele, felizmente, não havia ninguém em casa, mas houve perda total da moradia.
Oremos pelos ribeirinhos dessa comunidade pois eles não dispõem de nenhuma organização para o trabalho e, por esse motivo, são muito explorados por atravessadores. A produção semanal é, em média, de 15 sacos de carvão de 10kg ao preço de R$ 5 cada. Desse valor são deduzidos o combustível pois a venda é feita em Parintins, distante cerca de três horas de rabeta (pequena embarcação com motor) e o saco para acondicionamento que custa R$ 1,50 cada. Os compradores combinam os preços por baixo e os ribeirinhos não têm outra opção senão aceitar, pois precisam de mais três horas para o retorno.
Além da atividade com o carvão, alguns moradores têm uma pequena criação de cabras e galinhas. A pesca por aqui também restringe-se ao consumo próprio. No centro da comunidade há uma igreja católica e uma escola municipal muito precária que atende até o quinto ano do ensino fundamental. Não há posto de saúde e a assistência médica mais próxima, também, só é possível na comunidade de Santo Antonio, por meio dos serviços da “ambulancha”, (nome dado por aqui a embarcação com poucos recursos utilizada para o transporte dos ribeirinhos com doenças/ferimentos graves). Há apenas uma para atender inúmeras comunidades. Em muitos casos, dada a urgência, o paciente não suporta a espera e morre. Há um agente comunitário de saúde (ACS), Tiago Freitas, que divide a carga horária com outra comunidade chamada Colônia Soares.
Benedito, o Bené, como é chamado por aqui, relatou dois sonhos para a comunidade: plainar o campo de futebol para que eles possam realizar campeonatos e construir um refeitório na escola para que as crianças possam se alimentar.
Quanto ao projeto (Amazônia 2015), declarou ser muito bom. Quando soube que o barco iria chegar, começou a divulgar para que todos pudessem aproveitar essa oportunidade. “A gente queria que vocês viessem mais”, disse ele.
São Sebastião é a mesma comunidade onde morava o casal Tiana e Wanderlei quando se converteram e, por esse motivo, foram expulsos e tiveram a casa deles queimada. Agora, a igreja de Jesus aqui está para ajudá-los e principalmente para falar do amor de Deus.
Oremos, também, pois há perseguição em algumas comunidades ribeirinhas. Quando um deles se converte ao evangelho sofre perseguição e pode ser vítima até de violência física.
Foram atendidos também ribeirinhos moradores de outra comunidade vizinha chamada de Colônia Soares. A parte médica/enfermagem somou (120); odontológica (26); farmacêutica (129); infantil (72); ótica (37); corte de cabelo ( 31) e estética (27).
Ao maravilhoso Deus rendamos honra, glória e louvor.
Por Coordenação do Projeto Amazônia 2015.
Fotos: Projeto Amazônia 2015.