Gritos de Alegria em Porto Velho
Héber Negrão
Entre os dias 5 e 12 outubro aconteceu em Porto Velho (RO) a Conferência Teruwah de Música Indígena. Nossa equipe de organização da conferência era formada por missionários provenientes de cinco organizações diferentes. Todos nós temos desenvolvido ministérios na área de etnomusicologia e missões, com o desejo de ver os povos indígenas louvando a Deus a partir dos estilos musicais de sua própria cultura.
Na Conferência Teruwah recebemos indígenas de nove etnias: nadëb, kuikuro, bakairi, xavante, kayabi, baré, surui, karitiana, e até um indígena chiquitano da Bolívia. Ao todo, somamos 16 participantes e 8 membros da equipe. Nos reunimos na base da JOCUM onde fomos muito bem recebidos e acomodados. O objetivo deste encontro era promover o uso da música cultural entre os povos indígenas do nosso país.
A palavra “Teruwah” é uma expressão em hebraico que pode ser traduzida por “gritos de alegria”. Vemos a sua ocorrência em vários salmos mostrando a variedade de como podemos nos expressar diante de Deus. Não é difícil encontrarmos esses mesmos gritos de alegria nas festas dos povos indígenas do Brasil. A escolha dessa expressão foi proposital, para mostrar que podemos usar elementos da nossa cultura em nossa adoração ao Senhor.
Para que esse objetivo fosse atingido, durante as manhãs foram ministradas palestras em três áreas principais:
– Aimee Janzen e Rosimeiry Bakairi ensinaram sobre a Teologia e a Prática da Adoração;
– André Janzen deu palestras sobre antropologia cultural;
– E eu falei sobre o uso da música indígena na bíblia dando sugestões de como eles poderiam utilizar os estilos musicais de sua cultura para criar novas canções para Deus.
Cada noite era reservada para aprendermos canções indígenas. Todos os participantes puderam apresentar algumas das suas canções e ensiná-las aos demais. Nos divertimos bastante aprendendo as danças de cada povo e tentando pronunciar corretamente as palavras de línguas tão diferentes das nossas. Foi muito belo poder ver a variedade de tons, melodias e ritmos.
Uma vez que esta conferência era voltada para músicos indígenas, vários dos que estiveram presentes eram pessoas que já tinham uma prática musical em sua cultura. Muitos já tinham músicas prontas que eram cantadas em suas igrejas de origem. Sabendo disso, nós improvisamos um pequeno estúdio de gravação e convidamos os participantes da conferência a gravarem suas canções. Assim eles puderam voltar para suas aldeias com um CD com suas músicas gravadas.
Encerramos a Conferência Teruwah com um culto muito especial. Fomos conduzidos por dois líderes indígenas na santa comunhão da Ceia do Senhor e depois nós cantamos e dançamos todas as músicas que aprendemos com os participantes durante a semana. Podemos dizer que louvamos a Deus com verdadeiros gritos de alegria.
- Héber Negrãoé paraense, tem 32 anos, mestre em Etnomusicologia e casado com Sophia. Ambos são missionários da Missão Evangélica aos Índios do Brasil (MEIB) e da Associação Linguística Evangélica Missionária (ALEM). Residem em Paragominas (PA) e trabalham com o povo Tembé.
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