O cangaço e os crentes
Lampião se dizia católico. Ele e seu bando portavam crucifixos e cruzes. Em suas andanças de estado em estado, Lampião teve a oportunidade de encontrar-se com alguns evangélicos.
O engenheiro inglês F. C. Glass, que veio para o Brasil em 1901 para trabalhar na mina Morro Velho, perto de Belo Horizonte (MG), e que, depois, se tornou um dos mais notáveis colportores do Brasil (obreiros que vendiam Bíblia de cidade em cidade para evangelizar), conta, em seu livro “Aventuras com a Bíblia no Brasil” (p. 237), que os cangaceiros invadiram uma pequena fazenda do Nordeste, cujo proprietário era um recém-convertido. Ao entrar, os bandoleiros gritaram: “Viva Deus!”. O pessoal da fazenda respondeu: “Viva!”. Um dos cangaceiros desconfiou que a família fosse protestante, e, de faca em punho, acrescentou: “E vivam todos os santos!”. A esse grito os protestantes responderam com um profundo silêncio… Entre as coisas furtadas da fazenda, o bando levou uma Bíblia ricamente encadernada, cujo conteúdo uma das pessoas de casa teve a oportunidade de explicar.
Mais adiante, os cangaceiros entraram em outra fazenda, de um presbiteriano muito abastado, que não estava em casa, e exigiram da família a soma de 100.000 réis. Como não conseguiram o dinheiro, decidiram levar a mulher do fazendeiro como refém. Nisto, chega um rapaz, também crente e parente, e, ficando dentro da situação, oferece-se como penhor, no lugar da pobre mulher. O jovem é levado amarrado em seu próprio animal. Depois de cavalgarem por algum tempo, o rapaz e os cangaceiros começaram a conversar. O jovem aproveitou para falar-lhes de Jesus e contar como se deu a sua conversão. Mais na frente, os bandoleiros resolveram soltar o moço e este, antes de ir embora, pediu licença para orar. De joelhos, suplicou corajosamente a Deus que os seus sequestradores fossem conduzidos ao caminho de paz, por intermédio de Jesus Cristo.
Outro livro, “Januário Antonio dos Pés Formoso” (p 92), escrito pelo jornalista e professor universitário Caleb Soares, conta que o conhecido pastor Sebastião Gomes Moreira, da Igreja Presbiteriana Independente, quase se encontrou algumas vezes com Lampião na década de 30. É que o pastor ia à fazenda Lagamar, no Sergipe, para pregar, pois o seu proprietário, João Chagas, era ovelha. A mesma fazenda era também visitada por Lampião, naturalmente com outros propósitos.
_______________
Texto retirado da revista Ultimato 248 (setembro de 1997).
Jean Rodrigues de Oliveira
Maravilha. Deus dá oportunidade à todos de conhecê-lo por meio de seus servos. Bom saber que Lampião e seu bando teve a oportunidade de ver e ouvir sobre a salvação em pessoas que realmente serviam ao Senhor Jesus naquelas épocas difíceis.
Petronio Omar Querino Tavares
Sou presbítero da Igreja Presbiteriana da Madalena, no Recife; minha esposa, Rízia (nome bíblico), católica praticante converteu-se à Igreja Evangélica alguns anos após o nosso casamento, em 1965. Nascida em Serra Talhada, alto sertão de Pernambuco, ainda é parente de Lampião e sei que vai ficar feliz em saber que Virgulino, o famoso Lampião, teve a oportunidade de ouvir a palavra do Senhor…
Elson Reis
Essas informações nos afirmam de grandes homens e mulheres que serviam ao Senhor com destemido testemunho e, fruto desse viver, milhares poderão ter chegado a conhecer a Jesus Cristo, como senhor e salvador. Muito me alegro ler sobre vidas assim.
Marisa Maranhão
Acho que o sobrenome é Glass, e não Galss. Não é isso mesmo? Conheci em Niterói, na igreja presbiteriana, entre os anos de 70/80, um pastor de sobrenome Glass, acho mesmo que filho desse colportor, que contava essas histórias nos seus sermões.
Paralelo 10
Sim, Marisa, o nome correto é Glass. Já corrigimos. Obrigado!