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Minha netinha de apenas quatro anos foi ensinada pelo seu pai que Natal não é do “papai Noel” e que ele não existe. Todavia, quando foi levada ao shopping para fazer algumas compras, viu uma pessoa vestida de Papai Noel e, de pronto, perguntou: “Olha ali o Papai Noel de verdade. Papai não disse que não ele existia???”.
Nos últimos 50 anos, houve uma intencional proposta comercial para mudar o foco da celebração do Natal de Jesus para Papai Noel, “festas de confraternização”, “espírito do Natal”, “momentos de presentes e família”. Basta chegar o mês de dezembro que a cidade muda de roupa. Vestida de luzes e diversos enfeites os seus moradores anunciam a chegada de algo diferente. Todavia o diferente é enfeitar, comprar, comer, beber, dar e receber presente, “amigos secretos”, diversas celebrações. Mas em janeiro tudo volta a ser exatamente como era em novembro do ano anterior.
Que tristeza celebrar o Natal de mudanças eternas, mudando o exterior e apenas por algum tempo! Acredito que tal ação é o desconhecimento do que realmente significa o Natal de Jesus e, ainda mais, quando se tira Jesus da celebração do Natal a lacuna é tão grande e insubstituível que o temporário, o paliativo e o “superficial saboroso por alguns dias” tendem a ter espaço e vez. Leia com atenção algumas considerações que as Escrituras Sagradas fazem acerca do nascimento de Jesus Cristo, o Deus que se fez gente para resolver o problema da morte.
1. Jesus foi prometido a Adão e Eva (Gn 3.15). Depois que o primeiro casal decidiu desobedecer a ordem de Deus e trazer sobre a raça humana a desgraça da morte (imediata separação de Deus e subsequente separação entre o corpo e o espírito), Deus em sua imensa misericórdia fez a este mesmo casal o seu primeiro anúncio de restauração. A mensagem da vinda do Salvador já era um anúncio de esperança e vitória contra a morte. Jesus é o cumprimento das profecias e de todas as promessas feitas por Deus no Antigo Testamento.
2. Jesus era representado pelo cordeiro do sacrifício. Deus ordenou ao povo de Israel que estava escravo no Egito que matasse um cordeiro e colocasse acima da porta de entrada parte do sangue do cordeiro. Tal ação livraria da morte todo primogênito daquela família. Após a libertação do povo, Deus ordenou que quando o sacerdote fosse pedir perdão de pecados para o povo, ele deveria sacrificar um cordeiro de um ano, macho e sem defeito. O Senhor Deus deixou uma marca bem clara que a vinda do Salvador prometido não iria simplesmente terminar em um nascimento, mas na oferta da sua própria vida para salvação de todos que vierem a crer nele (Jo 5.24). Foi por esta razão que o profeta João Batista ao ver Jesus disse para todos ouvirem: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Natal é o anúncio do começo da mais fascinante e importante ação divina para os seres humanos. O nascimento de Jesus é o começo da ação salvadora dos pecados que Deus providenciou através de Cristo Jesus.
3. O Nascimento de Jesus inicia a obra da salvação. O relato sagrado da Bíblia revela que os anjos de Deus foram os primeiros a celebrar a chegada de Jesus, o Salvador do mundo (Lc 1.26-31; 2.9-20). Isto nos leva a entender que o Natal jamais pode ser limitado a festas, presentes, enfeites, panetones ou mesmo família. Em primeiro lugar, o Natal de Cristo é celebração espiritual. Deus providenciou o livramento da morte. Isto mesmo! A vinda de Jesus ao nosso mundo como ser humano foi plano divino (Gl 4.4) para solucionar o problema gerado pelo nosso pecado. Deus deseja que todas as pessoas cheguem ao conhecimento da verdade acerca da salvação (1 Tm 2.3-4). Por isso o anúncio dos anjos foi uma noticia de paz para todo o povo (Lc 2.10). Deus enviou seu único Filho. Deus deseja salvar os pecadores da morte (Rm 6.23). Deus deseja que o Natal de Jesus seja a celebração da vida eterna que Ele dá através e Cristo, o qual nasceu entre nós, viveu entre nós, morreu por ter assumido o nosso pecado, mas ressuscitou porque é Deus, o único dono da vida.
Não vejo como errado enfeitar casas, lojas e locais públicos. Não há erro em comemorar entre amigos e parentes com presentes e refeições especiais. Entretanto, um erro absurdo e irreparável é quando Jesus não é o centro da celebração. Há, ainda, algo muito importante a ser considerado. No Natal não comemoramos apenas a lembrança de uma pessoa que se foi ou de um homem que se destacou por suas ações em vida. Jesus é Deus, está vivo, presente e atuante. Assim, quando os cristãos celebram o Natal eles se alegram com o Cristo vivo, pelo que ele fez, faz e continuará fazendo (Hb 13.8).
Neste ano de 2012 desejo para você não um “feliz Natal”, pois isso seria muito pouco, temporário, pobre, desprovido de valor e conteúdo se celebrássemos apenas de uma data. Que você possa celebrar a vida de Jesus unida a sua. Vida que é muito mais do que existir nesse mundo. Vida que permite conversar com Deus, ser por Ele guiado e ter a certeza que estará com Ele para sempre. Este é o Natal de Jesus que nós desejamos e celebramos. Assim sendo, como poderia ele deixar de ser um “feliz Natal”?
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Sérgio Paulo Ribeiro Lyra é pastor e coordenador do Consórcio Presbiteriano para Ações Missionárias no Interior. Autor do livro “Cidades para a Glória de Deus” (Visão Mundial). É missiólogo e professor do Seminário Presbiteriano em Recife (PE).