Às margens do rio Xingu
Já passei por alguns lugares do Brasil, mas ainda não tinha ido à região Norte. Foi então que tive a oportunidade de realizar meu estágio do curso de Missão Integral, do Centro Evangélico de Missões (CEM) em Altamira no estado do Pará.
Ao chegar lá fiquei encantada com tanta beleza e diversidade na cultura. Encontrei pessoas de diversas regiões do Brasil e muitos dos naturais traziam em si os traços da cultura indígena. Mas algo que me chamou atenção foi a paixão do povo por sua terra, até ouvi de vários deles: “Quem toma banho no rio Xingu, sempre volta!” ou “Chegou no Pará, parou. Tomou açaí, ficou! De fato é apaixonante o lugar e o povo paraense”.
As viagens de barco, balsa, voadeira e catraia, são muito comuns na região. Viajar pelo rio Xingu é de fato encantador, um lugar onde a fauna e a flora se destacam com glamour. A Comida típica não poderia fugir às regras e com tanta riqueza natural o cardápio de peixes é bastante diversificado, as raízes e frutas se destacam na mesma intensidade, conheci o tucupi, o takaka, o açaí entre outras delicias que se destacam pelo sabor único e diferente.
Em meio a tantas coisas que vivi em meu estágio me surpreendi com o estilo de vida dos ribeirinhos, pois a criatividade deles se sobressai sem precisar dos artefatos urbanos. Eles mesmos constroem suas casas de palafitas, pequenas canoas de cascos de arvores, moedores de cana, lamparinas, suas casas de farinha e ainda cavam seus poços e fazem brinquedos para seus filhos. O que parecia escassez para mim, era o suficiente para eles viverem felizes. Não importava a falta de arroz, eles tinham a mandioca. Refrigerante pra quê? Diante da abundancia de açaí, cacau, caju, cupuaçu, manga… o modo de vida dos ribeirinhos é simples e cativante.
Não é fácil seguir seus passos e viver como eles, significa enfrentar alguns desafios, como a lama do rio com o perigo das arraias, a falta de iluminação que nos tornas presas fáceis para animais peçonhentos, as chuvas do inverno capazes de inundar suas casas, arrastar pequenas praias do lugar e naufragar alguns barcos, também a falta de água tratada, saneamento básico, atendimento médico quando necessário. Mas valeu a pena enfrentar tudo isso para estar alguns dias com eles.
Numa das visitas, o rio estava realmente seco e quase desisti de sair do barco quando vi que tinha que passar por toda aquela lama. O medo e a insegurança de pisar no desconhecido quase me paralisou, mas a alegria estampada nos olhos daqueles irmãos quando nos viram foi um bálsamo pra mim e percebi o quanto era importante nossa visita. Não tínhamos nada pra oferecer, a não ser o desejo de compartilharmos a fé, o amor e a amizade, mas era exatamente isso que eles esperavam de nós, nada mais.
Essas experiências me lembraram o apostolo Paulo quando narrou em II Cor 11:16-33 os desafios que enfrentou por amor ao evangelho. “[…] perigos de rios, perigos de salteadores, perigos entre os patrícios, perigos entre os gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no ma r[…]”. não me vi passando por tamanhos desafios, mas o simples fato de passar por essas experiências me deram uma pequena noção do que Paulo passou.
Agradeço a Deus ter conhecido irmãos comprometidos com o reino de Deus naquela região, homens e mulheres que vivem o amor e a compaixão do Pai com palavras e ações. Estar entre eles foi um privilegio realmente marcante. Tive a oportunidade de ver escolas que foram construídas por eles. Visitei algumas construções de Igrejas nas colônias e vi ribeirinhos testemunhando do poder transformador do Senhor em suas vidas.
Pessoas que mesmo vivendo sem políticas públicas adequadas não murmuram, mas levam uma vida de adoração a Deus. Não sei se esta é uma realidade de todas as colônias, mas pelos lugares que passei, vi a ausência do caos urbano e da ingratidão.
Visitei ainda mais três colônias e de todas tirei alguns ensinamentos que vou levar sempre comigo. Aprendi que amar a simplicidade é viver o belo, que me contentar em toda situação requer mudança de valores e que os perigos são parte da vida e não podem me paralisar, pois para anunciar as boas novas de salvação alguns sacrifícios são necessários. Por isso posso dizer como o apostolo Paulo em Filipenses 4:13 “Tudo posso naquele que me fortalece”.
Janaina Lima é pastora missionária na Igreja Vineyard em Recife e Ex-aluna do Paralelo 10 no CEM
Marcos - sal da terra
Pra. Janaína,
Foi muito bom ler seus relatos e ver o quanto Deus tem feito em sua vida e através do seu ministério.
Que o Senhor te guarde e continue te usando.
“Sê tu uma bênção”
vera lucia fortunato
Pra. Janaina,
Ao ler seu testemunho, fiquei mt feliz em saber que ainda Deus continua chamando pessoas de terras tão longinguas cheia de Deus para dar