Encontro com André
Alguns dias atrás fui abordado por um ex-aluno. Ele era da 4ª série da rede municipal, quando ministrei aulas de religião por meio do projeto Igreja Amiga*, desenvolvido por nossa igreja.
André** tem 11 anos. Quando assumi aquela turma no início de 2009, fui orientado pela direção da escola, como de costume, quanto aos alunos mais trabalhosos, seus perfis, sua realidade familiar etc. O caso do André era o mais complicado: brigão, faltoso às aulas, desrespeitava os professores, falava muitos palavrões, seus pais eram ausentes e separados, dois irmãos na marginalidade e um preso, e havia rumores de que seus irmãos já o estavam envolvendo em pequenos delitos. O fato era que a diretora estava a um passo de pedir sua transferência para outra escola. Ele era um caso perdido, seria reprovado e talvez até expulso.
Assumi a turma com 33 alunos e Deus me concedeu um amor muito grande por André. Mas esse amor foi profundamente testado nas primeiras semanas, foi até o limite. Na primeira semana quase não consegui dar aula. Na segunda ele não apareceu, o que lhe era peculiar. Na terceira eu o mandei para a direção. Ele era um grande desafio! Todos na sala já estavam habituados a marginalizá-lo e colocar-lhe apelidos. Quando criavam uma confusão com ele, os professores sempre o incriminavam como o incentivador. E o pior é que ele começava a gostar de ser visto como o rebelde sem conserto da sala. Não pense que a turma era boa e ele, o problema; todos eram um desafio, ele apenas se excedia.
Ao final das aulas, quando voltava para casa, eu compartilhava as dificuldades com minha esposa, que, como grande conselheira e incentivadora, se punha a orar comigo pelo André.
Com o tempo, pela graça de Deus, meu tratamento com ele começou a ser diferente. Todas as vezes em que ele expressava algum simples desejo de falar, eu o ouvia, estimulava com outras perguntas simples para que ele pudesse se expressar, e o elogiava diante de todos, dizendo coisas como: “Você está vendo, André? Você não é diferente de ninguém aqui, você é capaz de muitas coisas boas que nem imagina”. Disse expressões como essas diversas vezes.
Quando os seus colegas lhe incitavam a alguma rebeldia comum, de imediato eu me voltava para ele e dizia: “André, você não precisa agir assim, não seja o que dizem que você é, você tem um coração bom, seja diferente”. Mas sem dúvida nenhuma, o que mais gostava de lhe dizer antes e depois da aula era: “André, Deus ama você, e somente Ele pode fazer você ser alguém na vida, diferente de sua família. Mas você precisa querer ser diferente e deixar Deus ajudar você!”. Deus sempre me concedia oportunidades.
Em pouco tempo, André não perdia mais nenhuma aula, não se excedia mais diante da turma, mantinha um comportamento natural de uma criança ativa de 11 anos. Não foi expulso, nem reprovado. Para minha surpresa, as duas turmas de 4ª série pediram para que eu pregasse na formatura deles, e André estava lá. Sem sua família, apenas uma avó se fez presente, mas ele estava lá.
Na escola Municipal onde André estudava há apenas o ensino fundamental. Eu não o via desde dezembro, na formatura. Foi então que tive a surpresa. Há alguns dias ele me viu na rua e correu para mim, chamando-me de professor.Deu-me um forte abraço e disse: “Lembra de mim de professor? Eu continuo com um bom coração!”. André está morando com sua avó, um pouco mais distante de seus irmãos, e a acompanha frequentemente à sua igreja. Louvado seja Deus!
Não desanime em relação aos que parecem ser resistentes ao evangelho. Não perca a esperança! A Palavra de Deus tem poder, ela penetra corações e mentes, ela transforma vidas.
Eraldo Gueiros é pastor da Igreja Presbiteriana de Jordão Alto, Rcife, PE.
Notas:
*Igreja Amiga é um projeto desenvolvido pela Igreja Presbiteriana de Jordão Alto, Recife, PE, que disponibiliza professores da Escola Bíbica Dominical como voluntários nas escolas públicas e particulares do bairro. Eles ajudam nas aulas e na realização de eventos do calendário escolar.
** Nome fictício
MARIA
Como é emocionante etá história tão com comum em nosso meio,é emocionante tb ver pessoas se disponibilisando para serem usados por Jesus.
Deus te abençoe meu amado e continue nesta grande obra.
Grande galardao teras no ceu!!!!!!!!
Rev. Eraldo Gueiros
Valeu irmã Maria. Ore por nós!