Por Elsie Gilbert

Jesus, montado num jumento, se aproxima de Jerusalém. Uma multidão alegre estende seus mantos pelo caminho e grita:

“Bendito é o rei que vem em nome do Senhor!”.

Aí Jesus avista a cidade santa. Ele para e… chora! “Se você compreendesse neste dia, sim, você também, o que traz a paz!” E continua seu lamento dizendo que por conta da incompreensão Jerusalém caminha a passos largos para sua completa destruição. As crianças morrerão, ele prevê, não restará pedra sobre pedra! Tudo porque a cidade não reconheceu a oportunidade que Deus lhe concedeu. A destruição de Jerusalém aconteceu mais ou menos quarenta anos depois desta fala.

Há coisas que nós precisamos perceber. Há uma dimensão do encontro de Jesus conosco que precisa ser reconhecida por nós. Nossa indiferença poderá nos levar a um perigoso afastamento de Deus! Mas há também uma dimensão oculta e misteriosa da ação de Jesus, Deus feito homem, em nós.

Neste caso somos chamados a contemplar com o coração o que a mente ainda não consegue assimilar. Tanto a nossa indiferença como a nossa atitude de “sabe tudo” podem nos levar a perder as oportunidades que Deus nos concede hoje!

É importante pensar nestas coisas ao nos aproximarmos de uma criança com o objetivo de proporcionar a ela um encontro com Cristo. Além disso, é bom lembrar que podemos ter um encontro de duas vias.

Podemos descobrir na criança o próprio Jesus, disfarçado, como dizia Madre Tereza de Calcutá. Nela encontraremos algo que talvez já tenha diminuído em nós: a abertura, a dependência, a fé simples, a alegria e coragem. E, ao mesmo tempo, podemos nos descobrir como os pés e mãos de Cristo (como dizia Tereza D’Ávila), proporcionando o toque, a palavra, o livramento.

Para perceber estes encontros precisamos cultivar um coração aberto para o encanto e o deslumbramento e desenvolver a convicção de que Jesus se revela aos pequeninos! Cada vez que isto acontece é como se Isabel e João Batista se encontrassem com Maria e Jesus novamente. Isabel reconhece rapidamente que está diante da “mãe do seu Senhor” porque seu filho se manifestou no seu útero pulando de alegria. Neste momento ela profetiza! Ao mesmo tempo, Maria se vê diante da grandeza do que Deus determinou fazer em sua vida. Mesmo consciente da sua pequenez ela engrandece ao Senhor (Lc 1.46-55).

Neste momento, qual das duas é maior? As duas se sentem igualmente servas, igualmente visitadas por um Deus maravilhoso e poderoso em suas obras.

Da mesma forma, quando Jesus se encontra com uma criança hoje, e nos usa para intermediarmos o encontro, não nos sentimos superiores àquela criança.

Vemos nela a face de Cristo e contemplamos, mesmo que brevemente, a graça de Deus a ser revelada em sua vida e nos enchemos de esperança, alegria e fé. E a criança que se descobre visitada por    Jesus nessa interação experimenta algo semelhante. E isto é maravilhoso!

Que Deus nos ajude a proporcionar encontros das crianças com o seu Filho, hoje!

 

 

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