Criança abençoada, Eu cuido de você! 

Elsie B. C. Gilbert

2016.07.19_UPA_Ilha_Grande_X-T1-138Na escola da Praia da Longa, Ilha Grande, Angra dos Reis (RJ), é prática diária hastear a bandeira enquanto as 25 crianças que frequentam esta escola em regime multisseriado cantam o hino nacional. Um dos meninos, o Miguel, de 6 anos, canta o hino com voz forte e afinada. Ele sabe quase toda a letra deste hino, tropeçando apenas naquelas partes em que todos nós brasileiros também tropeçamos.

A diretora chama uma menina de 4 anos para hastear a bandeira. Explica para nós que esta tarefa é concedida a crianças que desempenharam alguma ação digna de honra. Maria Gabriela, explica a diretora, terá a honra nesta manhã simplesmente porque voltou para a ilha depois de dois meses ausente. A menina encara a tarefa com alegria e seriedade. A bandeira já estava lá em cima quando ela se desconcentra e esta cai. A menina não se intimida. Começa tudo de novo com graça e um sorriso charmoso.

E quem somos nós? Somos uma equipe de adolescentes da Igreja Presbiteriana de Viçosa (MG) que decidiu gastar uma semana de nossas férias de julho trabalhando com as crianças nesta escola pública. Nossa motivação? Demonstrar o amor de Jesus por elas de forma prática: brincando, contando histórias, ensinando a dançar, a fazer massinha, a dobrar origami, etc.

No decorrer da semana, a Maria Gabriela continua a nos encantar. Ela é linda, charmosa, falante, desinibida. Mas alguns integrantes da nossa equipe começam a perceber que a vida da menina não é fácil. Ela ocupa a quarta posição numa família de seis. Sua irmã mais velha tem 9 anos ao passo que a mais nova ainda é bebê. A mãe não está em casa. Teve que ir ao centro de Angra dos Reis e deixou os seis filhos numa casa com o novo companheiro. O irmão de Maria Gabriela chega no segundo dia com o olho roxo. Diz, à contragosto, que caiu. A pequenininha de dois anos é vista no cais, sozinha, acompanhada apenas pela irmã Maria Gabriela de 4 anos. Enquanto a pequena olha para a água lá embaixo, a de quatro anos conta para nós: “Eu já caí aí dentro. Mas eu sabia nadar!”

Os relatos dos adultos da comunidade não são nada animadores: “Já veio o Conselho Tutelar para eles, não sei como não levaram as crianças.” “Todos nós queremos pegar as crianças para criar, mas a mãe não deixa.” “Outro dia a Maria Gabriela estava andando pela praia de mãos dadas com um turista. Nós chamamos a atenção dela dizendo que sua mãe estava chamando por ela. Não sabemos o que teria sido dela. Não dá para saber quando um turista é do bem ou do mal.” E assim por diante…

Nossa equipe se comove com o drama da Maria Gabriela. Sabemos que não temos o poder de mudar a vida desta menina nem a de seus irmãos.

Uma educadora da nossa equipe gastou tempo conversando com a Maria Gabriela a sós. O conteúdo da conversa é estritamente confidencial. Mas, depois da conversa, num momento mais descontraído, a Maria Gabriela chega para a educadora e conta: “Deus fala comigo de noite.” “É mesmo? O que é que ele diz?” pergunta a educadora. “Ele diz ‘Criança abençoada, eu cuido de você!”

E foi assim que a Maria Gabriela abençoou de fato toda a equipe de adolescentes incluindo os adultos líderes. Ela mostrou que para Deus ela não é invisível!

 

1. A Maria Gabriela não está invisível para Deus. Como Deus a vê?

 

2. Os educadores sociais são as pessoas que trabalham com crianças em projetos sociais por todo o Brasil. Alguns trabalham com reforço escolar, outros com recreação, outros com adolescentes que estão cumprindo medidas sócio-educativas, outros com abordagem a crianças e adolescentes que estão nas ruas, etc. Muitas vezes eles trabalham com crianças que são quase invisíveis. O que queremos dizer com “quase invisíveis”? Parece que as pessoas importantes que fazem decisões sobre a educação, sobre o transporte, sobre a segurança ou sobre a saúde, não levam em conta as necessidades das crianças e adolescentes mais vulneráveis. Você concorda com isto? Você lembra de algum exemplo de decisões que afetaram a sua comunidade e que mostram que as pessoas que decidiram não pensaram em vocês?

 

3. Parece que os cidadãos comuns não enxergam as crianças e os adolescentes, ou pelo menos que eles enxergam pouco. Este ano, nós da Rede Mãos Dadas, queremos reconhecer que o educador social não só enxerga a criança, ele a enxerga como uma obra prima. Se uma criança ou um adolescente é mais visível para o educador social, o que é que esse educador consegue ver em vocês que outras pessoas não veem?

Um bom educador social consegue ver quando eu ___________________________________

 

4. Encontre na imagem abaixo, duas situações nas quais a vontade da criança está sendo ignorada. De que forma os adultos nesta imagem poderiam demonstrar que enxergam melhor as crianças?

Desenho-colorido_com créditos

 

5. Em qual situação um adulto se preocupou com a segurança das crianças e agiu para que elas fossem mais protegidas?

 

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