Por Elsie B. C. Gilbert 

Invisibilidade é contagiosa. Aqueles que trabalham em favor dos invisíveis sabem disto! Uma de suas primeiras experiências ao decidir abraçar uma causa é descobrir que as pessoas não querem ouvi-las, não querem participar da sua paixão e do seu sofrimento em favor de alguém. Aquele que se identifica com uma criança invisível, corre o risco de se tornar invisível junto com ela!

 

QUASE INVISÍVEIS PARA O IBGE
A Classificação Brasileira de Ocupações destina o código 5153 para a família dos trabalhadores de atenção, defesa e proteção a pessoas em situação de risco e adolescentes em conflito com a lei. Neste grupo estão incluídos educadores sociais, educadores sociais de rua, conselheiros tutelares, entre outros. O código 5153 se aplica à educadores sociais que atuam em todas as faixas etárias, mas sabemos que  a maioria absoluta destes profissionais atende crianças ou adolescentes, isto porque a maioria das organizações sociais 2016.08.15_Invisibilidade_Campanha_Educadora_X-T1-72registradas se dedica a este público.

Onde estão os educadores sociais que se dedicam às crianças e adolescentes socialmente vulneráveis? Eles estão inseridos em programas sociais de educação não-formal como jornada ampliada, creches (ainda não incorporadas à educação infantil ofertada pelos municípios), projetos socioeducativos como escolinhas de futebol, dança, e outros ligados às artes, esporte e recreação. Educadores sociais se envolvem também com abordagem das crianças e adolescentes em situação de rua, projetos voltados ao abrigamento temporário de crianças e adolescentes, programas socio-educativos para crianças ou adolescentes em conflito com a lei, etc.

Também não temos dados absolutos de quantas pessoas atuam nestas organizações e que poderiam ser classificadas como educadores sociais. Há várias razões para isto.

  1. Não há pesquisas globais sobre o educador social. A principal pesquisa do IBGE sobre o terceiro setor publicada em 2012 não agrupa as Fundações e Associações Privadas Sem Fins Lucrativos (FASFIL) de acordo com a faixa etária da população atendida nem detalha os tipos diferentes de profissionais envolvidos nestas organizações. Sabemos que havia, no Brasil em 2010, 30.400 organizações dedicadas à assistência social que empregavam 310.730 pessoas. Mas não sabemos quantas entre estas atuavam como educadores sociais voltados para crianças e adolescentes já que este grupo de organizações atendia a vários seguimentos socialmente vulneráveis além de crianças e adolescentes. De acordo com esta mesma pesquisa, havia 20.071 centros e associações comunitárias com 34.594 pessoas empregadas. É bem provável que poderíamos encontrar nestes centros um grupo significativo de educadores sociais.
  2. Muitas pessoas atuam como voluntárias. Esta mesma pesquisa aponta para um índice elevadíssimo de pessoas não-remuneradas atuando nas Fundações e Associações Privadas Sem Fins Lucrativos como voluntários. Das 30.400 organizações arroladas na categoria “Assistência Social”, 59,15% (17.983 entidades) não tinham nenhum emprego formalizado.  O trabalho voluntário é necessário e bem vindo numa sociedade civil bem organizada, mas os números acima indicam fragilidade nas respostas dadas aos problemas das crianças.
  3. Não há consistência no registro das ocupações. Mesmo sendo possível agrupar todas as pessoas cuja ocupação registrada em carteira observe o código 5153, há um número desconhecido de pessoas que atuam como educadores sociais mas que são registradas com outros códigos como “inspetor de alunos” (3341) ou “recreador” (3714), por exemplo.

Os conselheiros tutelares pertencem à mesma família de ocupações na qual estão inseridos os educadores sociais. Com 5.906 Conselhos Tutelares no Brasil e uma média de 5 conselheiros por conselho, estimamos um contingente total de quase 18.000 conselheiros. No entanto, sabemos muito pouco sobre estes profissionais cuja ocupação é temporária já que um conselheiro pode exercer esta função por apenas 6 anos e as regras relativas à sua remuneração variam muito de município para município.

 

QUASE INVISÍVEIS PARA A IGREJA.
Comissionamos nossos pastores, obreiros, missionários e oficiais da igreja, mas raramente lembramos de orar e enviar as pessoas em nosso meio que se sentem chamadas para atuar junto às crianças e adolescentes mais vulneráveis. Numa enquete realizada no mês de junho com educadores sociais em Belo Horizonte, 97% afirmaram realizar seu trabalho como ministério. No entanto, muitos também relatam ser difícil ter o seu trabalho reconhecido por suas comunidades de fé como parte da missão da igreja.

 

TOTALMENTE VISÍVEIS PARA DEUS.
Como o estudo bíblico deste guia sobre as parteiras do Egito demonstra, o trabalho daqueles que se colocam ao lado dos invisíveis, é sempre inspirado por Deus. Ele tem prazer em orientar, proteger, guiar e valorizar os esforços dos que vêem e se colocam ao lado dos “pequeninos” de Jesus.  A Rede Mãos Dadas convida você a enxergar, valorizar, encorajar e colaborar com as pessoas no seu meio que se dedicam às crianças e adolescentes mais vulneráveis.

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