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Enfermeira verificando o batimento cardíaco de um bebê.

É trágico quando uma mulher morre ao dar à luz. A família muda para sempre. Precisamos perguntar “Por que ela morreu?”. Geralmente não há apenas uma só resposta para esta pergunta. Com frequência, há vários problemas misturados. Imagine vários pedaços de cordão emaranhados formando uma bola. É preciso desemaranhar a bola para ver os diferentes pedaços de cordão. Então, os problemas ficam mais claros, e podemos começar a ver algumas soluções.

Fatores médicos

Quando uma mulher morre numa clínica ou num hospital, os fatores médicos que levaram à sua morte são escritos no prontuário como a causa oficial da morte. Se os exemplos abaixo parecerem assustadores, lembre-se de que eles dizem o que deu errado no corpo da mulher, mas não dizem nada sobre outros fatores, como, por exemplo, se ela teria sobrevivido caso tivesse recebido ajuda mais cedo. A maioria destes problemas médicos não levam à morte se forem reconhecidos e tratados com tempo suficiente.

Muitas mulheres sangram até morte. Esta é a principal causa de morte de mulheres no parto no mundo inteiro. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 800 mulheres morrem no parto a cada dia, totalizando um número aproximado de 300.000 mulheres por ano. Cerca de um terço destas mulheres sangra até a morte depois que o bebê nasceu.

Outros fatores médicos diretos que podem causar a morte de uma mulher na gravidez ou no parto são:

  • trabalho de parto obstruído – quando o bebê não passa normalmente pelo canal do parto;
  • ruptura uterina – rompimento do útero;
  • eclampsia – complicação relacionada com pressão arterial alta;
  • gravidez ectópica – quando o bebê começa a crescer na trompa que leva ao útero ao invés de no útero;
  • aborto inseguro.


Os três atrasos

Muitos especialistas concordam que os “três atrasos” são frequentemente responsáveis pela morte das mulheres no parto.

  • Atraso em casa ou na comunidade – por exemplo: a cultura tradicional é dar à luz em casa; os sinais de perigo não são reconhecidos com rapidez suficiente; não há dinheiro para atendimento médico.
  • Atraso para chegar a um centro de saúde ou hospital – por exemplo: estradas ruins; não há transporte ou dinheiro para pagá-lo; comunicação telefônica ruim; o centro de saúde fica longe.
  • Atraso nas instalações de saúde – por exemplo: falta de funcionários suficientes; falta de equipamento adequado; falta de meios para providenciar transferência para um hospital.

Em princípio, a maioria dos casais que vão ter um bebê pode fazer planos e tomar medidas para reduzir significativamente o risco de sofrer os dois primeiros tipos de atraso.

As consultas durante a gravidez (frequentemente chamadas de consultas pré-natais) são muito importantes. Mesmo que a mulher se sinta bem durante a gravidez, há coisas que poderiam causar problemas mais tarde e que precisam ser verificadas. As mulheres que vão a pelo menos quatro consultas pré-natais têm menos chances de morrer em consequência de problemas na gravidez ou no parto. A família ficará mais segura se tiver um plano para lidar com possíveis problemas.

Serviços de saúde insatisfatórios

Em muitos locais, não há serviços de saúde nas proximidades ou garantidos. Uma pessoa pode gastar dinheiro para chegar até eles e acabar descobrindo que não há uma parteira treinada ou que a clínica está fechada e não há um número de telefone para emergências.

Isto pode causar medo e apatia numa comunidade. Só é preciso uma experiência ruim para espalhar o rumor de que tentar encontrar atendimento médico para o parto é uma perda de tempo, esforço e dinheiro.

O que podemos fazer?

  • Pedir melhores serviços locais.
  • Divulgar informações precisas sobre que serviços estão disponíveis, onde e quando eles estão disponíveis e incentivar as pessoas a utilizá-los.
  • Pedir consultas pré-natais gratuitas.

Falta de instrução e dinheiro

Muitas pessoas evitam procurar atendimento médico por terem medo de não poder pagá-lo. Quando se trata de gravidez e parto, é prudente fazer uma poupança, por menor que ela seja, para pagar as despesas médicas ou o transporte para os centros de saúde. Os grupos de autoajuda e poupança podem oferecer apoio mútuo neste sentido.

Se uma família nunca ou raramente usa os serviços de saúde por ser pobre ou por não ser alfabetizada, ela pode não saber que as consultas pré-natais são importantes. A família pode ficar desconfiada e preferir usar medicamentos tradicionais que podem ser ineficazes ou prejudiciais.

Se uma família não souber ler, ela frequentemente terá mais dificuldade para obter atendimento médico e aprender sobre a boa saúde. Uma pessoa não alfabetizada não pode ler o dia e a hora da consulta, a ficha médica, nem o quadro de avisos da clínica.

O que podemos fazer?

  • Promover a poupança para as despesas de saúde.
  • Divulgar, de boca em boca, a importância das consultas pré-natais.
  • Ensinar as mulheres a ler.

Escrito com a ajuda de Caroline Onwuezobe, gestora dos serviços pré-natais do Faith Alive Hospital, em Jos, Nigéria, e Andrew Tomkins, Professor Emérito de Saúde Infantil Internacional da University College London.

 


Artigo publicado originalmente no Passo a Passo 91, em setembro de 2013 pela Tearfund.

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