Por John Mark Bowers

Conversar com os outros sobre o estigma pode ser o primeiro passo para superar preconceitos. Aqui sugerimos um esboço de uma discussão em grupo.

OBJETIVOS

  • Discutir sobre o estigma e identificá-lo na comunidade local
  • Pensar em uma história sobre Jesus como exemplo da cura holística do estigma, da doença e da vergonha
  • Realizar uma dramatização de papéis sobre aceitar e ajudar alguém que sofra estigma
  • Compartilhar ideias para chegar até as pessoas que sofrem estigma na comunidade

TEMPO
30 minutos

Este roteiro é uma orientação e foi escrito para ser usado com grupos comunitários cristãos, mas talvez você queira adaptá-lo para grupos com diferentes crenças. Ele pode ser aperfeiçoado com exemplos, histórias e provérbios locais. Como você poderia torná-lo pertinente ao seu grupo?

 

TAREFA 1 – Identificação de estigma

Vamos discutir:

  • O que significa estigma?
  • Que tipos de situação criam estigma na nossa comunidade?

 

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Elizabeth, uma viúva que vive com lepra (no centro da foto, com um lenço amarelo na cabeça) participando de um encontro comunitário. Kieran Dodds/Tearfund

TAREFA 2 – Exemplo de Jesus

Vamos ouvir uma história sobre como Jesus tratou um homem que sofria uma vergonha relacionada com uma doença. Este homem tinha uma doença chamada lepra, que abria feridas em seu corpo inteiro. A lei dizia que as pessoas com lepra tinham de viver fora do acampamento, longe de todos e tinham de gritar “Impuro! Impuro!” quando chegassem perto da cidade. Por ser impuro, este homem não podia trabalhar ou sustentar uma família.

 

A CURA DE UM LEPROSO (Lucas 5:12-14)

Quando Jesus se encontrava numa das cidades, apareceu um homem coberto de lepras. Quando viu Jesus, ele se jogou ao chão, com o rosto na terra e rogou-lhe, “Se quiseres, podes purificar-me!”. Jesus comoveu-se com misericórdia e fez o que ninguém mais se atreveria a fazer: estendeu a mão e tocou o homem. “Quero”, disse ele. “Seja purificado!” E a lepra imediatamente o deixou. Jesus, então, ordenou-lhe: “Não conte isso a ninguém; mas vá mostrar-se ao Sacerdote e ofereça pela sua purificação os sacrifícios que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho.”

Em grupos de três ou quatro pessoas, discutam: De que maneiras Jesus chegou até este homem?

Pensem sobre as necessidades físicas, sociais, emocionais e espirituais do homem.

Depois de alguns minutos, peça aos participantes que compartilhem com os outros suas respostas. Verifique as respostas de acordo com as quatro categorias abaixo:

FÍSICAS: Quando Jesus curou a lepra do homem, a saúde do seu corpo físico foi restaurada. Ele voltou a ser capaz de trabalhar e ganhar seu próprio sustento.

SOCIAIS: Quando Jesus curou sua doença, seus relacionamentos foram restaurados. Quando Jesus o tocou, ele passou a ser considerado puro e capaz de usufruir sua própria família e a comunidade.

EMOCIONAIS: Quando Jesus estendeu a mão e o tocou, sua dignidade foi restaurada. Ele sentiu o amor de Deus e compreendeu que tinha valor aos olhos de Deus.

ESPIRITUAIS: Ele aprendeu que Jesus se interessava por ele e queria que ele fosse capaz de voltar a fazer parte da comunidade de culto. Jesus ordenou-lhe que se mostrasse ao sacerdote para cumprir a lei e como sinal para todos de que ele receberia a todos que haviam sido excluídos e lhes daria uma nova esperança.

 

TAREFA 3 – Dramatização de papéis

O facilitador ou outra pessoa qualquer pode desempenhar o papel de Ruma. Este roteiro é para a pessoa que vai desempenhar o papel dela. Se quiser, ela pode cobrir parte do rosto e falar virada para longe do grupo.

Ruma está retornando à comunidade onde foi criada. Vocês vão desempenhar o papel dos outros habitantes da comunidade dela. Ouçam a história de Ruma e preparem-se para vir até mim (que serei Ruma) e dizer como vão ajudar a mim e aos meus filhos.

A DRAMATIZAÇÃO DO PAPEL DE RUMA

Meu nome é Ruma. Alguns de vocês me conhecem desde a infância. Cerca de um ano atrás, meu marido jogou ácido em mim. Ele disse que eu não era fiel, mas não era verdade. O ácido acertou um lado do meu rosto e queimou minha pele. Eu tenho dor com frequência e perdi a visão num olho. A família dele me expulsou da casa e da comunidade. Eu fugi com meus filhos. Não pude trabalhar por meses. Vendemos várias coisas para sobreviver. Onde quer que eu vá, as pessoas ficam com medo da minha aparência. Meus filhos são importunados por outras crianças. Ninguém compra o que eu vendo no meu negócio.

Peça a cada participante para responder à pergunta: O que você pode fazer para me ajudar (Ruma)? Pense sobre as minhas necessidades físicas, sociais, emocionais e espirituais e as dos meus filhos.

 

TAREFA 4 – Ideias de ação

Pensem sobre pessoas da comunidade que sofreram porque foram deixadas de fora da vida comunitária normal. É nossa responsabilidade mostrar misericórdia pelos que sofrem. Pensem sobre os que não são considerados “normais” ou “um de nós”.

Discutam: Que medidas podemos tomar para ajudar as pessoas da nossa comunidade que foram maltratadas por causa de estigma?

Depois que todos os participantes tiverem falado, agradeça-lhes por suas ideias.

Pensem em alguém que sofra estigma na sua comunidade. Pensem numa forma de ajudar esta pessoa e transformem esta ideia em ação.

Peça aos participantes que digam à pessoa ao lado algo que pretendem fazer.

Para ajudar a pôr fim ao estigma na nossa comunidade, convido-os a compartilhar o que aprenderam com um amigo ou vizinho.

Pode ser adequado terminar a sessão orando juntos.

John Mark Bowers é o Gerente do Programa de Currículos do Chalmers Center for Economic Development.

www.chalmers.org
info@chalmers.org


Fatos sobre a lepra

  • A lepra desenvolve-se muito lentamente, ao longo de cinco anos aproximadamente. Às vezes, os sintomas levam 20 anos para aparecer.
  • A lepra é apenas levemente infecciosa. Ela se propaga através de gotículas do nariz e da boca das pessoas com lepra não-tratada durante contato próximo e frequente. Ela não é transmitida através do toque.
  • A lepra pode ser curada com medicamentos. A deficiência pode ser evitada se o tratamento for iniciado cedo.
  • O estigma muitas vezes faz com que as pessoas não procurem tratamento.

Artigo publicado originalmente no Passo a Passo 86, em janeiro de 2012 pela Tearfund.

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