Querida Elsie,

Faz quatro dias que a família de Virgínia está conosco. As duas meninas menores sentem a falta do avô. Soubemos hoje que ele se entregou à polícia. Achava que o Conselho Tutelar havia arrebatado a família porque fora visto arrombando a casa num acesso de ira e prometendo matar todo mundo. Agora que se entregou descobriu que a acusação é muito pior — abuso sexual. Estamos apreensivos. Já ouvimos comentários sobre as aberrações que são cometidas contra os detentos acusados de crimes sexuais. Será que agimos corretamente? Será que as meninas estavam imaginando as coisas que contaram? O que ele vai fazer quando sair da cadeia? Há esperança de mudança de vida para ele?

 

ArrependimentoPaulo praticou atos violentos de atentado ao pudor, agressão sexual e tentativas de estupro contra várias mulheres e meninas até o dia em que foi pego em flagrante. Julgado e condenado, viu sua vida desmoronar por não ter procurado ajuda para colocar em xeque essa estranha e destruidora perversão sexual. Pena: 15 anos.

Não há explicações atenuantes para Paulo: filho de família evangélica, não teve uma infância permeada por privações e violência doméstica. Na pré-adolescência havia indícios de que ele estava desenvolvendo um comportamento obsessivo-compulsivo na área da sexualidade. Mas o problema só se tornou uma bola de neve pouco tempo depois que ele se casou e sua mulher engravidou.

Durante os meses em que aguardava o julgamento, Paulo não admitia culpa alguma e manteve essa postura por alguns anos. Mas ali, na prisão, longe do apoio incondicional dos pais e da esposa, sua fortaleza alicerçada em esquemas de auto-piedade e auto-engano começou a ruir. Ele se voltou para Deus e procurou a ajuda de uma psicóloga cristã ligada ao Centro de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos: estava na hora de enfrentar o monstro que invadira a fortaleza e a habitava. Ao longo de 3 anos de terapia em reclusão, aos poucos, com a ajuda da psicóloga Dorothea Jucksch Wulforst, o poder restaurador da verdade começou a penetrar todos os cantos da vida obscura de Paulo.

Ele começou a aprender sobre sua condição, encarou o mal que fizera às suas vítimas, confessou seus pecados aos pais e à esposa, decidiu fazer reparações e, principalmente, buscou em Deus a cura para os pecados da alma: o perdão.

Hoje, Paulo cumpre sua pena em liberdade condicional, trabalha, estuda, está ativo na igreja junto a sua esposa e filhinha. Continua vigilante, pois sabe que sua condição requer cuidados especiais.

Agora ele é o que a maioria de nós somos: pecadores arrependidos e regenerados pelo poder transformador de Deus (a outra alternativa é ser pecador não-arrependido). Como nós, ele também sofre as pressões da vida moderna: contas para pagar, patrão para agradar, filha para educar, esposa para amar, vida para viver em consonância com a vontade de Deus. E, como nós, ele conta com o amor, a graça, o perdão e a companhia diária do Espírito Santo.

 

Envie-nos também a história de alguém que você admira. 

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Artigo publicado originalmente na Revista Mãos Dadas – Edição 7

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