Meu melhor amigo é…
A maioria de nós se lembra daquele “melhor amigo” com quem compartilhou segredos e viveu aventuras na infância.
Estabelecer vínculos afetivos e desenvolver amizades é uma habilidade humana que se inicia nas primeiras relações que a criança estabelece dentro da própria família e, progressivamente, se estende para outras esferas, especialmente a escola, a creche e a igreja.
Ao entrar para a creche ou começar a frequentar a escola dominical, a criança começa a conviver com os coleguinhas e é bem fácil perceber o quanto é difícil para elas brincar de forma cooperativa e dividir seus brinquedos. Ela brinca ao lado, e não com o outro. Para realizar seus desejos bate, empurra e morde necessitando de intervenções e zelo constantse. À medida em que vai amadurecendo, começa a interagir de fato e chega um momento, no qual o colega se transforma num amigo. Essa relação, a amizade, é uma conquista que surge de doação mútua profunda e pessoal que ninguém pode viver ou desenvolver pelo outro.
Etimologicamente, amizade é uma palavra derivada de amicus, que possivelmente se derivou de amore. É uma forma de relacionamento caracterizada por fidelidade, confiança e amor.
É nesse contexto que os convido a pensar no relato bíblico: “Falava o Senhor a Moisés face a face, com quem fala a um amigo”. Ex.33:11 Que Deus é este Todo Poderoso e Soberano que se doa numa relação com um pequeno mortal e com ele conversa longamente como um amigo que tem segredos a compartilhar? Se eu pintasse esta cena desenharia Deus como um adulto maduro, grande, porém agachado, olhando nos olhos de uma pequena criança – Moisés, pronto a lhe ouvir e a instruir.
É assim que vejo um educador ou uma igreja amiga das crianças. Adultos fortes e ao mesmo tempo flexíveis para se inclinar. Olhos nos olhos, mãos estendidas, risadas, segredos eternos para trocar.
Quando me espelho no exemplo do Deus amigo me sinto desafiada a pensar: o quanto eu me inclino, ao invés de gritar para me fazer ouvir? O quanto eu escuto, compreendo e olho nos olhos, ao invés de só falar? O quanto nós discípulos do Deus amigo nos abaixamos para conhecer as crianças com as quais convivemos, bem como as suas reais necessidades?
Você é um educador/igreja amigo (a) das crianças? Faça um teste: nesta semana experimente olhar nos olhos de pelo menos meia dúzia de meninos e meninas próximos a você e a ouvir com o coração o que elas tem a dizer. Se ouvir algo que queira compartilhar, escreva pra gente.
June Ribeiro, educadora amiga de 3 filhos e 2 netos (por enquanto).
Representante executiva da Aecep e coordenadora curricular do Colégio Getsêmani em BH.