quartas
Por Elsie Gilbert

Há alguns anos atrás me vi diante do seguinte dilema. Trabalhava como missionária numa organização social cristã. Meu trabalho era levar as mães das crianças atendidas a um relacionamento com Jesus Cristo, só que eu não queria fazer proselitismo no sentido de tentar mudar a religião delas para a minha. Neste contexto, eu comecei a conversar com as mulheres sobre a vida espiritual delas.

Lembrei a elas que gastavam bastante tempo se preocupando com os aspectos físicos da vida: moradia, alimentação, medicamentos, exercício físico, etc. Elas também gastavam tempo com o lado emocional e relacional de suas vidas: conversando, visitando, ajudando familiares, buscando forma de recrear, etc. Finalmente perguntei: “Que tempo vocês dedicam à sua vida espiritual?” Percebi que tinha acertado minha estratégia quando pedi a um pastor para falar com elas e ele contou para elas sobre como Jesus queria ouví-las, no quarto, em secreto. A forma como elas receberam esta mensagem foi impressionante. Era como se estivessem sendo alimentadas num nível profundo e satisfatório. Elas estavam com fome na alma!

2013_Exposição_Liturgia-14Ao final eu sempre dizia: “Vocês precisam alimentar o espírito. Em que lugar há outras pessoas buscando fazer a mesma coisa? Não é no banco da praça, nem na sala em frente da TV. Mas também não precisa ser na minha igreja. De qualquer forma vocês precisam buscar este lugar!

Talvez hoje eu seria mais enfática. Eu acredito na igreja. Imperfeita, disfuncional, problemática, a igreja continua porque ela não é projeto nosso e sim de Deus! À medida que meus filhos crescem e eu convivo com mais adolescentes e jovens, percebo a dificuldade que é para muitos acreditar na igreja e investir nela. Eles pertencem a uma geração que contabiliza tudo em termos de “retorno sobre seu investimento.” O que vou ganhar? O que ela tem para me oferecer?

Um grande amigo me disse uma vez com um sorriso matreiro: “A igreja é como a arca de Noé. A gente só fica dentro porque tem uma grande tempestade do lado de fora!” O problema é que nem sempre os jovens conseguem ver a tempestade! Sylvester Stallone disse quando se converteu em 2006: “A igreja é a academia da alma.” Ou seja, dá trabalho fazer igreja assim como dá trabalho malhar! Academia não é lá um espaço muito confortável e cheiroso… “Você precisa das orientações e experiências dos outros,” ele disse, “Não dá para você treinar a você mesmo.”

Mas, a razão maior que me leva a insistir com os que trabalham em programas sociais para que voltem a considerar a igreja como um espaço de primeira importância é esta: a igreja não tem prazo de validade. A gente nasce, cresce, casa, cria nossos filhos, passa pelas provações da vida e morre na igreja. E ainda assim, a igreja não acabou para nós: nos encontramos na eternidade, ainda como igreja! Quanto tempo você vai ter com as crianças com quem você trabalha? Até que idade o seu programa atende? Você já pensou nisto? Que talvez a tarefa mais sublime, dada a você, pode ser a de levar as crianças e adolescentes sob seu cuidado a experimentar na igreja:

  1. Uma vida em família, a família de Deus?
  2. Uma vida em rebanho, com a proteção do pastor que é Cristo?
  3. Uma vida com vínculos importantes e indestrutíveis, assim como um órgão está ligado no corpo e dele depende para sua existência e vice-versa?
  4. Uma vida frutífera como um ramo que está ligado na videira?
  5. Uma vida como parte de uma grande construção onde Deus habita?

É isto que a Bíblia apresenta como igreja para nós. É esta igreja que precisamos apresentar às crianças e adolescentes!

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