Por Welinton Pereira

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Luiza (2008)

Quem conduz, não vai na frente, caminha junto! Ao conduzir uma criança não se esqueça de que é necessário caminhar junto com ela. A criança é a parte mais vulnerável da teia social, a que está mais sujeita a todas as formas de violência e abusos, portanto ela precisa ser protegida. Cada ofensa contra a sua integridade física e emocional agride sua dignidade, sua inteireza e a sua condição de criatura feita à semelhança do Criador. Precisamos protegê-la, não subjugá-la.

Além de caminhar junto, é preciso permitir que ela nos conduza para o reino de Deus, afinal Jesus nos disse que se não nos tornássemos como as crianças, de maneira alguma herdaríamos o seu reino de paz e de justiça. A criança tem a capacidade de nos conduzir por caminhos que nós adultos talvez já renunciamos. Trabalhar junto às crianças pode ser a nossa grande oportunidade de sermos rejuvenescidos, renovados no Senhor. Imite a criança na sua capacidade de sorrir em meio à adversidade, ou na facilidade de perdoar, ou ainda na disposição para amar com sinceridade e transparência, algo às vezes ausente em nossas relações institucionais! Enquanto levamos a criança à “terra prometida”, somos de certa forma levados por elas também.

Moisés precisou praticar este princípio com o povo que ele conduzia na longa caminhada rumo à terra que manava leite e mel. O homem do final da jornada é muito mais sábio do que aquele que a iniciou. Seus cânticos finais são uma grande evidência disso. Aquele que não sabia falar, agora fala com eloquência!

O seu segredo está na intermediação entre Deus e o povo. A interação é constante e dinâmica, mostra sua sensibilidade para com as necessidades e os anseios das pessoas. Ele deve ter aprendido muito com o seu povo. No final de sua vida, carregava consigo a vida de cada membro de Israel. Isso não deveria acontecer também conosco no trabalho? O que temos aprendido com as crianças? Será que temos visto Deus trabalhar em nós, moldando o nosso caráter, por meio delas?

No final dessa abençoada jornada, talvez você reconheça que Deus na sua misericórdia o colocou em contato com as crianças para que fosse conduzido por mãos miúdas a uma terra onde habita a paz, a justiça e o amor. Ali o poder está a serviço do amor e seus habitantes se recusam a amar o poder. Pode ser que, por ter aprendido a imitá-las, como Jesus nos instruiu, em vez de salvar a criança, você terá sido salvo por ela!

 

Artigo publicado originalmente na Revista Mãos Dadas, Edição 25, em julho de 2010.
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Welinton Pereira, casado, dois filhos, é pastor metodista e mestre em ciências da religião. É assessor de Relações Cristãs da ONG Visão Mundial e um dos gestores da RENAS e da Rede Mãos Dadas.

Imagem: luizachimentiportela.blogspot.com

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