Ivan, cachorros, crianças e Deus

Ontem assisti à peça de teatro “Ivan e os cachorros”, um monólogo que exigiu do ator uma exímia capacidade de contar histórias e nos levar para a Rússia em crise, do final do século XX.

Ivan saiu de casa aos quatro anos, cansado de apanhar do padrasto e de ver sua mãe apanhando. Inocente, começa a vagar pelas ruas de Moscou a procura de abrigo e comida. Logo no começo, encontra Pielka, uma cachorra de pelo alto e branquinho. Ela é a líder de uma matilha. Depois de muitas aventuras, Ivan sente-se parte da “matilha”, sua nova família.

Ivan tem uma relação muito interessante com Deus. Este é aquele que no silêncio conta as almas que leva para o céu. A cada perda que o menino sofre, o silêncio, uma nova contagem. Em um sonho, ele viu Deus como um cachorro: aquele que o protegia e amava e com quem brincava. A passagem teve a beleza da resposta das crianças, mas a crítica dos adultos.

Depois de um ano nas ruas, Ivan visita a casa da mãe e descobre que ela morreu. Logo depois, descobre que a atriz, cuja foto carregava no bolso, também morreu. Junto com ela, o sonho de ser adotado e ter uma família.

A história narra também a morte da matilha. É a parte mais triste, pois Ivan perde novamente sua família. Mas, um dia ele é levado para o orfanato e, apesar de sua personalidade arisca, é adotado por uma boa mulher, cuja música o faz ter bons sonhos.

Isso foi ontem.

Hoje, eu li o capítulo 47 de Jeremias que narra a profecia de Deus contra os Filisteus: “Os pais não atendem os filhos, por se afrouxarem as suas mãos”, diz o versículo 3b.

A condenação de Deus chegou à família, chegou às crianças. Os pais não conseguem mais atender as necessidades de seus filhos, cuidar deles ou amá-los. Suas mãos afrouxam e eles não podem trabalhar, cozinhar, coser, carregar, proteger.

A incapacidade dos pais de proteger e cuidar de seus filhos é um castigo de Deus. Não era para ser assim. Será assim porque chegou o dia em que Deus vai destruir a todos os filisteus (Jr 47.4).

Meu coração chorou, porque sei que Deus está aqui no nosso país. Acredito que Deus esteja pesando sua mão sobre nós. Temos pecado e precisamos nos arrepender. Pecado uns contra os outros, contra Deus, contra nossas crianças.

“Ivan e os cachorros” é baseado em uma história real. Aqui no Brasil, muitas crianças sofrem violência, fome, solidão, dormem nas ruas, pedem esmolas, não têm família. Mas que fique claro: não era para ser assim! Este não é o plano original de Deus. Que venha o Reino dele!

 

Tábata Mori é jornalista, trabalhou no escritório da Rede Mãos Dadas por 3 anos e tem como lema: “Eu quero contar as maravilhas que Deus tem feito”

 

 

 

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